Baiestorf deve viver para sempre

O cartaz do novo filme e Petter Baiestorf nos bastidores

Vez ou outra ouvimos falar da "retomada do cinema nacional" ou "o cinema novo brasileiro" ou bogagens como estas. Mas para mim o cinema nacional - desde os anos 90 - sempre foi muito criativo e teve grandes filmes. Isto no meio independente porque o cinema comercial - do tipo feito por Daniel Filho e Jorge Fernando - é o verdadeiro desastre cinematográfico.

Petter Baiestorf é o nome a ser reverenciado. Ele é o responsável pelos momentos mais originais do cinema brasileiro nos últimos anos. E deu um tremendo de um bicudo no traseiro da conformidade cultural.

Seu novo filme é um western musical metalinguístico. "Ninguém deve morrer" é uma das obras mais divertidas que vi este ano. Diverte no seu gore new wave. Diverte no protesto antiidustrial. Diverte nas toscas cenas musicais. E, principalmente, diverte por deixar a "musa gostosa" escondida sob tantas roupas... pior, interpretando um cowboy (!).

Assim é Baistorf que subverte seu próprio cinema. Ninguém é um cowboy ator de filme erótico. Ele é jurado de morte pelo diretor do filme porque se recusa a fazer uma cena de zoofilia. A vingança começa pela morte da namorada de Ninguém. Detalhe: os criminosos são bandoleiros que saem galopando sem cavalos. Ou seja, pulando com as próprias pernas e a sonoplastia cuida dos galopes. Talvez aí a referência mais explícita entre tantas presentes no filme. Baiestorf nunca escondeu que idolatra o Monty Python... ainda bem!

A trilha sonora é outro destaque. São músicas bregas, rocks podreiras, covers fuleiros, canções em castelhano, entre outras. E muitas delas são dubladas toscamente, na mais pura canastrice dos atores.

A religiosidade, a sociedade, o capitalismo, o falso moralismo voltam a ser abordados. Mas nem tudo é ficção e absurdo na obra de Baiestorf. Ele colocou cenas sobre o tufão que atacou Santa Catarina em setembro deste ano e atrapalhou as filmagens.
"Ningém deve morrer" é um filme mais leve que os dois anteriores do cineasta. Mas mostra questões importantes que merecem reflexão e continuam a lidar com o abusurdo divertido. Por isso Petter Baiestorf deve viver para sempre!

Filme: Ningém deve morrer
Ano: 2009
Produção: Canibal Filmes / Bulhorgia
Duração: 40 minutos
Direção, roteiro e produção: Petter Baiestorf
Elenco: Gurcius Gewdner, Jorge Timm, Lane ABC, Ljana Carrion, Coffin Souza, Rogorowsky, André Luiz, Villa Verde, Insekto, Minuano, Elio Copini, E. B. Toniolli, André Honey, Nenê, Cristian Verardi, Wender Zanon, Alejandro Gutierrez, Wanderley Jurandir.
Fotografia: Uzi Uschi
Edição: Gurcius Gewdner
Figurino: Rogorowsky
Maquiagem: Coffin Souza e Carli Bortolanza
Câmeras: Uzi Uschi e Daniel Yenckel
Assistentes de direção: Carli Bortolanza, Coffin Souza e Rogorowsky
Assistente de Produção: Cláudio Baiestorf, Ana, Daniel Yenckel, Minuano, Nenê e Rogorowsky
GFerente de Produção: Elio Copini
Pedidos e contatos: baiestorf@yahoo.com.br