sexta-feira, 13 de junho de 2008

Entrevista - Sick Sick Sinners

Maringá recebe amanhã uma das principais bandas do cenário psychobilly brasileiro. A curitibana Sick Sick Sinners se apresenta no Tribo´s Bar às 22h em uma mini-tour que passa hoje por Londrina e domingo por Marília (SP). A banda, que tem integrantes da finada Os Catalépticos (que tocou nos principais festivais do gênero no mundo e lançou discos por vários países), está prestes a aumentar seus fãs com uma turnê na próxima semana pelos Estados Unidos, México e Canadá para divulgar o recém-lançado álbum de estréia “Road of Sin” (capa abaixo), pela gravadora alemã Crazy Love Records (o disco ainda não saiu no Brasil).



O Sick Sick Sinners foi formado no final de 2005 e o som segue uma linha mais pesada do psychobilly tendo elementos do metal, mas não deixando de lado elementos clássicos como letras de filmes de horror e o baixo acústico. A banda é formada por Vlad Urban (guitarra e vocal), Magrão (bateria) e Mutant Cox (baixo acústico e vocal, fotoa abaixo no post), que também faz parte da atual formação da banda clássica inglesa Frantic Flintstones, vindo recentemente de uma turnê européia e gravação de um disco novo.
O set do show em Maringá deve ter aproximadamente uma hora com a banda tocando praticamente todas 13 músicas do cd “Road of Sin” e até uma música nova, “Unfinnished Business”. O show de hoje conta ainda com as bandas The Brown Vampire Catz (psychobilly, de Londrina) que finaliza a produção de seu cd de estréia, “Makabre Funeral Memory”. E também a Roque Navajo (rockabilly, de Maringá) com muita irreverência e também gravando seu primeiro cd.

Enrtrevistei o guitarrista Vlad Urban, 36 anos, que falou sobre a cena brasileira e mundial de psychobilly, da qual é participante ativo, inclusive organizando festivais em Curitiba e articulando lançamentos de bandas no exterior. Vlad já tocou várias vezes em Maringá com suas bandas anteriores: Os Cervejas e Os Catalépticos.

Qual a expectativa de vocês com o disco e a turnê, pode acontecer facilmente o que rolou com Os Catalépticos?
VLAD URBAN (foto ao lado) - Bom, é diferente. Primeiro por que o publico já faz uma relação do Catalépticos com o Sick Sick Sinners, afinal de contas são os integrantes da banda. Isso pode ser bom ou ruim. Mas, com certeza muita gente já conhece a banda. A expectativa é muito grande. Faço uma avaliação pelo número de pessoas do México que tem entrado em contato, o nosso MySpace teve um salto de mais de 500 pessoas do México e sul da Califórnia.

Qual sua avaliação do psychobilly no Brasil?
O psycho nacional está passando por um momento de amadurecimento para algumas bandas novas. Na verdade, ainda tem muito que gravar, que fazer, acho que os shows estão rolando e que dá para ver que o psycho nacional ganhou muito terreno nos últimos anos. Mas, agora tem que se consolidar.

O Brasil não tem uma gravadora como a Crazy Love Records que sustenta e divulga o cenário na Europa. Você acha que isso faz falta ou a internet é um instrumento eficiente para as bandas brasileiras?
Eu acho que hoje qualquer gravadora do mundo passa por um momento de adaptação, independente da cena brasileira. Acho que a internet é muito importante para qualquer banda e qualquer cena no mundo. E que cada vez mais as bandas e as gravadoras vão criar parcerias para gravar os seus materiais. O que aqui no Brasil já vem ocorrendo há muito tempo.

Você veio de uma banda de psychobilly mais tradicional e outros elementos e hoje toca um psycho mais pesado. O que você acha dessa tendência de som mais pesado no psychobilly?
Na verdade, Os Cervejas não era tão tradicional, tinha várias coisas como ska, som pesado, bastante punk rock. Nos Catalépticos a proposta era um som mais pesado e rápido. Nós estávamos escutando muito Nekromantix, Banane Metalik, Mad Mongols e várias outras neste estilo. Então, para a gente era muito natural. Acho que esta hoje não é a maior tendência do psycho no mundo. Na verdade, acho que a maior tendência é um psycho mais pro lado do melódico, como o Tiger Army.

Tipo o que o Mad Sin está fazendo?
Sim... Hoje, 70% das bandas novas estão indo para esse lado. Acho que no máximo 10% das bandas novas estão fazendo o som mais pesado. Que está ficando conhecido como o som dos anos 90. E, com certeza, estamos vendo um retorno do psychobilly clássico. Inclusive, o Koefte (vocalista do mad Sin) me falou que o próximo disco do Mad Sin vai ser um clássico.

Mas tem bandas estrangeiras de punk rock e até de som mais pesado que estão seguindo essa linha de melódico, visual elaborado como num conceito emo...
Deve ter. Como tem Tiger Army e várias outras que tentam ir nessa linha. Mas, acho que se é esse esquema melódico... porque o que fica claro para mim é que o psychobilly ou uma boa parte do psychobilly vai muito pelo som que está rolando no momento... isso desde os anos 80. Na verdade, acho que isso são ciclos.

Você falou que a cena nacional tem que se consolidar agora. Como isso pode acontecer se tudo é bem difícil no Brasil pela falta de dinheiro, de patrocínios, de estrutura pra shows...
Tem que dar um jeito. Acho que muitas vezes se dá pelo talento. As Diabatz [banda de Curitiba só de mulheres] é um exemplo disso, foram convidadas para tocar em um grande festival na Europa [o Psychobilly Meeting, entre 24 a 30 de junho, em Barcelona, na Espanha] depois de ter uma única demo. O Psycho Carnival é um exemplo, nem sempre dá dinheiro, mas com certeza é um dos festivais mais legais que estão rolando hoje no Brasil. O que eu falo para as bandas é ensaiem. Não tem grana para o ensaio, faz acústico. E acho que todo o produtor bate cabeça. Mas, uma hora acaba acertando. E, principalmente gostar muito do que está fazendo. Mas, acho que a gente tem que se profissionalizar cada vez mais. Um exemplo foi o que os caras da Monstro fizeram em Goiânia, transformando a capital do sertanejo na capital do rock.

Quais suas influências como guitarrista?
Acho que a minha principal influência é o Olga, do Toy Dolls. Acho que é claro que eu tenho influencia de vários guitarristas de psychobilly e punk rock. Mas aí é mais como músico. Que uma coisa é o jeito que você toca a guitarra e outra é como você faz a música.

Há muitos rumores sobre o fim dos Catalépticos. O que realmente aconteceu?
Acho que o que aconteceu é que a gente tinha interesses diferentes. A banda ficou dois anos sem fazer musica nova, estávamos empurrando com a barriga. É claro que gostávamos do que estávamos fazendo. Mas, na minha opinião, já não estava mais tão bom. E resolvemos separar para continuar fazendo musica.

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