segunda-feira, 29 de fevereiro de 2016

O lendário roqueiro das mil músicas

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Marco Butcher (foto), 47 anos, foi embora do Brasil há dois anos, mas deixou ótimas lembranças e muitos fãs. A lenda do rock independente brasileiro tem duas características que se destacam: a primeira é uma extensa carreira em mais de 15 bandas desde o começo da década de 1980. A segunda é não se importar muito com o que já fez, mesmo que esse passado seja muito importante para fãs, amigos e ex-companheiros de bandas. Ele quer sempre ir pra frente, fazer mais.
Os 35 anos de carreira proporcionaram que ele compusesse aproximadamente mil canções, segundo sua própria estimativa. Incluindo algumas músicas que permanecem inéditas ‘escondidas’ nas gavetas de casa.  E vem muito mais por aí. Marco Buchcer mora com a esposa em Winston Salem, na Carolina do Norte, nos Estados Unidos, desde 2014, onde está ativo como nunca, compondo e tocando.
Sempre com muito pouco para falar de suas ex-bandas e entusiasta para falar de seus atuais projetos. Ele revela alternar trabalhos de restauração e pintura de interiores e com sua música.  Atualmente com gravações e shows com Rob K., no The Jam Messengers, e lançamento de um terceiro disco do duo Jesus & The Groupies. Essa semana ele ai em tour pelos EUA com The Jam Messengers.
Marco Butcher sabe que sua memória não é das melhores. Para piorar ele já lançou tanta coisa que mal lembra, justamente por esse desapego das coisas passadas. Até seu apelido passa por isso. “Acho que Butcher veio da tradição das antigas bandas punks e 60s, dos membros usarem o nome da banda como sobre nome. O nome da banda [Thee Butchers Orchestra] foi ideia minha. Acabou pegando. Acho que os amigos começaram a chamar assim e ficou. Nós três da banda usávamos Butcher. Isso tem mais de 20 anos...”, força a memória.
O Projeto Zombilly fez um resgate histórico da carreira de Marco Butcher incluindo uma entrevista com ele falando sobre o que anda fazendo.

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ENTREVISTA
ZOMBILLY - Por que você decidiu viver nos Estados Unidos?
MARCO BUTCHER -
Eu me mudei pra cá dessa última vez em 2014. Já tinha morado aqui em outras fases da minha vida, sempre em cidades e estados diferentes. Acho que com o tempo percebi que estava passando mais tempo aqui que no Brasil. E, é claro, o fato de ter minhas bandas aqui fez muita diferença na decisão.
Quais foram as ultimas coisas que você gravou e lançou?
No momento tenho projetos diferentes rolando, como o “Five Kinds Of Bad”, que é um álbum de outtakes do The Jam Messengers, sendo lancado na Inglaterra pelo selo Sour Moon Records. Também com os Messengers temos um split single que fizemos com os Black Mekon, tambem saindo na Inglaterra. Fora isso, os Jesus & The Groupies estão pra lançar seu terceiro álbum que leva o nome de “Weapons Nature Provided” e trás como convidado o texano Walter Daniels (do Jack O Fire, Bigfoot Chester) nos vocais, gaitas e saxofones. O álbum também conta com várias participações de gente como Chet Weise (do Immortal Lee County Killers) fazendo algumas guitarras, Texcala Jones (do Tex & The Horseheads) fazendo vocal em uma das músicas, Mike Mariconda (do The Devil Dogs) nas guitarras e por aí vai.
Como é sua rotina aí nos Estados Unidos? Você vive de música?
Eu e minha esposa moramos numa parte da cidade que é meio como um bosque ou floresta se preferir.  Então, apesar de ser bem perto do centro da cidade ainda temos muito espaço e privacidade pra poder trabalhar em casa. Montei um pequeno estúdio aqui há um ano e meio. E de lá pra cá tenho tentado deixar a coisa melhor na medida do possível, investindo tempo e equipamentos na sala e coisas do tipo. Viver de musica? Não acho que poderia dizer que sim.  O que rola é juntar tudo entre shows, venda de discos, produção de outras bandas e tal. Mas também trabalho fazendo outras coisas.
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Garage Fuzz (Londrina, 1992)

O que seria diferente se você tivesse continuado no Brasil?
Difícil dizer. Acho que tudo na real. Morar aqui facilita minha vida em vários sentidos. O primeiro deles é que eu e o Rob K entramos num processo de tours e gravações que é muito mais regular e bem estruturado. Depois o fato de poder ter esse tempo pra trabalhar no meu estúdio e criar a música que quero, da forma que ouço na minha cabeça, é bem importante pra mim.
A maior parte dos discos que você lançou está fora de catalogo e raramente se encontra para comprar hoje. Você pensa nisso, em relançar algo ou foca só em lançar coisas novas?
Cara, eu não sou muito do tipo que olha pra trás e coisa parecida. Não costumo pensar no que já foi feito e se ainda faz sentido ou se está ou não em catalogo, nem nada do tipo. É claro que se alguém em determinado momento for afim de fazer algo assim, relançar minhas coisas, seja lá com que banda for, é provável que eu diga ok. Mas, contar comigo pra cuidar disso eu diria que é no mínimo bem complicado. Gosto de gastar meu tempo olhando pra frente.
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Thee Butchers Orchestra (São Paulo, 1998)
De tudo que você já gravou e de todas bandas que já participou, o que te dá mais orgulho. Tem algo que você não goste?
Acho que no final o orgulho vem da oportunidade de poder trabalhar com pessoas que você gosta e respeita na música. Não sei dizer se tenho algo que goste mais. Faço discos por motivos diferentes. Então, em algum momento é claro que todos eles fazem sentido pra mim.  Se não gosto, não lanço. Não faria sentido.
É comum no meio das onemanbands os músicos fazerem seus próprios instrumentos, experimentar com objetos. Você já fez algum instrumento, usou algo incomum?
Na verdade nao me vejo como onemanband de forma alguma. Toco só às vezes e com amigos às vezes. Mas não penso onenamband como minha forma de fazer e mostrar música. Não acho que eu faça parte da cultura onemanband nesse sentido. Então, na real, sei pouco sobre. É claro que experimentos fazem parte da música. Ainda mais quando você começa aos dez anos. Cansei de destruir caixas, panelas e tudo que eu pudesse socar na tentativa de construir uma bateria [risos] pras minhas primeiras bandas de garage que moraram por algum tempo na garagem da minha antiga casa em São Paulo.
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Pin Ups (Juntatribo, Campinas, 1993)
O Pin Ups é idolatrado no meio independente brasileiro. Você parece não compartilhar da mesma idolatria dos fãs. O que representou você tocar na banda ?
Eu não sigo muito revistas ou zines e coisas do tipo. Meu interesse em música é música e não o que esse ou aquele crítico acha sobre música. Então, de certa forma, essas informações raramente chegam pra mim. E, quando chegam, meio que deixo passar porque pra mim não faz muito sentido se agarrar em passado. Mas, de fato não tenho muito pra falar sobre.
Pouca gente sabe, mas você cantou no Garage Fuzz no começo da banda. O que você lembra?
Bons tempos! Sempre curti o pessoal da banda e sempre fomos amigos. Mas, na época que eu estava na banda o lance era bem mais SST e musica estranha, punk rock talvez! Não sei se eu chamaria aquela fase de hardcore. Bem provável que não.
Vamos falar de garage rock... o Brasil tem muitas bandas bacanas, mas não tem uma organização, uma cena. É meio cada um por si...
Não vejo a coisa como uma cena. O que na real acaba sendo mais legal. Acho que temos alguns músicos flertando com esses estilos nos últimos anos e misturando isso a coisas mais atuais ou experimentais se preferir.
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Thee Butchers Orchestra (São Paulo, 1998)
E o que representa o garage rock pra você?
Acho que tem duas formas de ver isso: uma é a ideia de começar a banda ensaiando em garagens. E enfim, mantendo a coisa toda o mais simples possível. A outra tem mais a ver com cena ou tendência. O que na real acabo não prestando muita atenção. Toda essa onda revival, bandas soando ou tentando soar como nos 60s e tal. Não é algo que eu acompanhe. Gosto da ideia de viver meu próprio tempo. Acho a coisa toda de revival meio cansativa.
E como tem sido seu processo de composição atualmente?
Na real, nunca penso em música pra compor música. Vem de outras coisas. Da vida, da rua do que está rolando na minha rotina ou falta de rotina. É muito mais fotográfico na minha cabeça, eu acho. Às vezes, a própria letra faz a música. Não tem muito um formato. Cada som acontece de uma forma.
O que você planeja para sua carreira no futuro?
Sem planos! No momento minha esposa está produzindo “Night & Day”, que será o próximo álbum a ser lançado pelos Jam Messengers. Talvez no final desse ano ou começo do ano que vem. Fora isso, shows shows shows e mais shows! Estar na estrada é pra mim a única coisa certa. O resto eu deixo ser acidental e assim vemos o que rola.
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SITES:
- Facebook de Marco Butcher .

- Facebook do Jam Messengers .
- Site do Jesus & The Groupies .
Texto e fotos: Andye Iore / Zombilly

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Pin Ups (Londrina, 1992)

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Jesus & The Groupies (Maringá, 2011)

sexta-feira, 26 de fevereiro de 2016

Drakula completa dez anos


Poucas bandas conseguem se manter por dez anos no underground brasileiro. A banda de garage surf Drakula, de Campinas (SP), conseguiu não só seguir tocando por uma década como lançou quatro discos. Algo tão difícil quanto continuar existindo.
O quarteto formado em 2006 e já se apresentou em quatro das cinco regiões brasileiras, dividindo palco com bandas como Agent Orange, The Dickies, Vibrators, CJ Ramone, Ratos de Porão, Cólera, Olho Seco, entre outros.

Eles divulgam o compacto “Death surf” lançado no final do ano passado com quatro músicas, tendo participação do guitarrista australiano Chris Masuak (do Radio Birdman). E, para celebrar a década de existência, a banda participa de dois tributos – para o Leptospirose e outro sobre rock americano 50´s e 60´s com o Drakula tocando The Wailers - e também já se prepara para gravar novos sons próprios.

O Drakula já tocou no Projeto Zombilly, em Maringá, em junho de 2013. A banda também está frequentemente no track list do programa Zombilly no Radio. 

DISCOGRAFIA
• “O Inferno Com I Maiúsculo” (CD Independente, 2007);
• “Comando Fantasma” (CD Laja, Rastrillo, Chop Suey e Pisces, 2009);
• “Vilipêndio a Cadáver” (Vinil 7``, Reverb-Brasil, Back on Black, Chop Suey e TrashCan, 2011);
• “Death Surf” (Vinil 7``, Reverb-Brasil, Mandinga, High Time, Esta Noite Encarnarei No Teu Compacto, High Voltage, Chop Suey e TrashCan, 2015).

VIDEOCAST COM DRAKULA . 

SITES
BandCamp  e  Facebook .




Foto: Andye Iore

segunda-feira, 22 de fevereiro de 2016

Kozmic Gorillas volta em nova formação

A banda de surf music Kozmic Gorillas retorna em sua origem curitibana. O trio está com nova formação depois de uma temporada em Londrina.
Dessa vez o guitarrista Marcio Tadeu (foto) está na companhia do baterista Matheus Moro (do Movie Star Trash e ex-Ovos Presley) e do baixista Raphael Gorny (do Joanetes e Macedonia). Eles ensaiam há seis meses em Curitiba e já estão na estrada em shows. “Acho que estamos num dos melhores momentos da banda”, anunciou Marcio Tadeu, sobre as novidades.
O Kozmic Gorillas foi formado em 1999 e já lançou dois discos: “Conquering the space” (2001) e “Gorilla´s Curse” (2003). Nos ensaios recentes a banda reformulou os arranjos de sons antigos e também já fez novas composições, com expectativa para lançar um disco novo.
O Kozmic Gorillas já tocou no Projeto Zombilly e é uma presença constante nos track lists do programa Zombilly no Radio.

Confira video com a nova formação do Kozmic Gorillas: 

Foto: Andye Iore

domingo, 21 de fevereiro de 2016

Agenda do final de semana


Enquanto a maior banda cover do mundo (cover de si mesma) toca no Maracanã, no Rio de Janeiro, rola no fim de semana um festival internacional de onemanbands em Montpellier, na França, com algumas das principais monobandas mundiais como Reverend Beat-Man, Dead Elvis, King Automatic, Belly Hole Freak, Bo Liddley, Le Docteur Flamingo e Dollar Bill.
E em Maringá terá amanhã (22), às 20h, show com uma banda punk da França. A Guerrilla Poubelle tocará no Estúdio Drago (avenida Colombo, 6402), com abertura dos locais do Desgraceria. O evento tem apelo colaborativo, sem ingresso, com o público pagando o quanto acha que vale o show ou pode pagar.

sexta-feira, 19 de fevereiro de 2016

"Deadpool" é o filme mais visto da semana nos cinemas

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O ranking das bilheterias essa semana nos Estados Unidos é uma mostra de como Hollywood anda sem criatividade. Três dos cinco campeões de bilheterias da semana são continuações ou adaptação. O campeão da semana em arrecadação é mais um filme sobre personagem de histórias em quadrinhos. O irônico mercenário da Marvel, “Deadpool” somou mais que o dobro que os outros quatro filmes do topo do ranking juntos. Entre as histórias originais, está a comédia “Como ser solteira”, sobre mulheres solteiras numa cidade grande. O filme estreia no dia 3 de março no Brasil. A principal estreia da próxima semana nos cinemas americanos será a aventura “Deuses do Egito”, com Gerard Butler (de “300”, 2006). O filme estreia no Brasil na próxima semana. 

RANKING
1 – Deadpool - US$ 132 milhões 
2 - Kung Fu Panda - US$ 19 milhões 
3 – Como ser solteira - US$ 17 milhões 
4 - Zoolander 2 -US$ 13 milhões 
5 - O Regresso - US$ 6 milhões 

BRASIL 
A principal estreia nos cinemas brasileiros essa semana é o terror “Boneco do Mal”. O enredo mostra uma babá que é contratada para cuidar de um filho de uma família. Na verdade, o menino é um boneco que a família usa para superar a morte de um filho. Coisas estranhas acontecem na casa colocando a vida da babá em risco.

terça-feira, 16 de fevereiro de 2016

Killing Chainsaw volta a tocar

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ATUALIZADO - A cena alternativa brasileira da década de 1990 foi tomada por uma variedade das chamadas “guitar bands”. Termo não muito correto, já que a maioria das bandas de rock usa guitarra. Mas, foi o que a imprensa brasileira melhor pensou para definir bandas como Pin Ups, Killing Chainsaw, Low Dream, Second Come, Pelvs, Mickey Junkies, Snooze, brincando de deus, Wry, entre tantas outras.
Dessas citadas, a única que não fez um show de “reunião” foi a Killing Chainsaw. Até agora. A banda se reuniu com a formação de Rodrigo Gozo (guitarra), Rodrigo Guedes (guitarra), Pedro Rosas (bateria) e Gérson Raseras (baixo). O motivo principal da reunião é um documentário que é feito por Caio Augusto. Mas eles já ensaiam para shows e gravação de um disco novo. Inclusive já tendo tocando novas composições nos ensaios.
HISTÓRIA - O Killing Chainsaw foi formado em 1989 em Piracicaba (SP). A sonoridade é uma mistura entre Sonic Youth, Helmet e Kiss. Mas, sem que essa mistura tivesse referencia na época no rock brasileiro. E isso foi um dos fatores que ajudou a banda a ganhar muitos fãs e um público que cantava as letras em inglês das músicas em coro. Um exemplo disso foi que eles colaboraram com seu show (foto abaixo) para criar a mítica em torno do lendário festival Juntatribo em Campinas (SP), em 1993.
Outro aspecto que criou grande identidade com o público jovem foram as referencias de cultura pop. Letras e nomes de músicas com personagens de filmes e quadrinhos oitentistas, como “De volta para o futuro” (1985), a comédia clássica da rebeldia juvenil “Picardias estudantis” (1982), trashmovies com serra-elétrica, “Uma Cilada Para Roger Rabbit” (1988), entre outros. E, claro, a principal delas: a capa do primeiro álbum é cena de “Akira” (mangá 1982, animação 1988).
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Não só a imprensa especializada que cobre o rock independente transformou o Killing Chainsaw numa lenda, como outras bandas do meio ajudaram nisso. Como Pin Ups e Wry que regravaram “Evisceration”, a música que causa catarse coletiva na plateia. 
O último show oficial do Killing Chainsaw foi em 1997, abrindo para o Fugazi, no Blue Galeria, em Piracicaba. E, desde então, o quarteto só havia se reunido uma única vez, em 2005, se encontrando na plateia de um show do Mudhoney.
COMENTÁRIO - Acompanhei o Killing Chainsaw no começo da década de 1990 em shows em São Paulo, Campinas e Londrina. Fiz várias fotos numa época que não existia internet e havia poucos registros em vídeos e fotográficos. Graças a isso, algumas das fotos que fiz da banda e publiquei no meu site na época – Supers – foram reproduzidas por sites de todo o Brasil em diversas reportagens sobre a banda. O que segue acontecendo até hoje. Principalmente as fotos do festival Juntatribo, em 1993.
Maringá tem muitos fãs do Killing Chainsaw graças a loja O Porão que mantinha no acervo disponível na época o vinil e o CD, uma vez que a loja trabalhava com os selos Zoyd e Roadrunner, respectivamente. E muitos discos foram vendidos. E, claro, além de já ter tocado várias vezes a banda no Zombilly no Radio.

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DISCOGRAFIA
“Early Demo(ns)” (demo tape, 1989)
““Enquanto Isso” (coletânea LP, 1989)
“Killing Chainsaw” (LP, 1992)
“Slim Fast Formula” (CD, 1994)
Fotos: Andye Iore / Zombilly

quarta-feira, 10 de fevereiro de 2016

A verdade continua lá fora


* esse post contem spoilers
Quem perdeu a badalada volta de “Arquivo X” na Fox se ligue na programação do canal que há reprises durante a semana. E é altamente recomendável, apesar de não ser nada demais em relação ao que era na década de 1990 e às principais series atuais.
A serie televisiva teve nove temporadas entre 1993 e 2002. Vale ressaltar que na época não havia esse boom de series de hoje como “Game of thrones”, “Breaking bad”, “American horror story”, entre outras. “Arquivo X” abriu as portas para o estranho na cultura pop entre o besteirol na televisão. Nada que mereça mais destaque que “The Twilight Zone” na década de 1960 ou “Tales from the Crypt” na de 1980. Mas foi a paranoia de Scully e Mulder que levou a um quase exagero o fanatismo por series. O que hoje é absolutamente normal, entre nerds ou não.

A nova temporada tem apenas seis episódios. Talvez esteja aí a garantia do sucesso. Não há tempo e espaço para lenga-lenga. É correria o tempo todo e a paranoia elevada ao expoente máximo. Todos os elementos básicos da serie estão presentes. E o roteiro consegue prender bem a atenção do público.
Também vale destacar que um dos principais temas em toda a serie já deu as caras de uma maneira bem bacana: muitos episódios tinham audiência garantida pela decepção de Mulder ao conseguir provas da existência de ETs que logo em seguida eram destruídas ou sumiam misteriosamente.
Nessa volta, Mulder é levado até um galpão onde há um avião construído com material alienígena. A aeronave sobe silenciosamente com um sistema até então desconhecido e fica invisível. Tudo na frente do maravilhado Mulder. Entra o comercial e na volta, quando Mulder vai contar a novidade todo faceiro para Scully, o exército chega no galpão e explode o avião.

PUNK ROCK - Outro atrativo também está nos monstros e no rock. O terceiro episódio, “Mulder & Scully Meet the Were-Monster” é muito divertido. Mulder e Scully encaram um monstro na “inversão de valores”. O monstro vira humano e sofre com a rotina das pessoas na cidade. O episódio tem referencias da serie de humor negro “Kolchak e os Demônios da Noite” da década de 1970.

Já no episódio “Home again”, que foi ao ar essa semana, o destaque é o roqueiro Tim Armstrong (do Rancid, à esquerda na foto acima) que faz o papel de um grafiteiro maluco, conhecido como Trashman. Cuja obra ganha vida e sai matando pessoas que fazem mal aos moradores de rua. Falta mais dois episódios para acabar a temporada. Com a boa repercussão acho que é um bom gancho para continuar e até mesmo outro filme no cinema. 

sexta-feira, 5 de fevereiro de 2016

Documentário conta história da banda Ataque de Tubarão


A banda maringaense de fast core Ataque de Tubarão fez seu show de despedida no último domingo (31/1) em Maringá. Dois músicos do trio mudarão de cidade em breve e não será possível continuar o grupo. Mas os fãs já tem uma boa opção para lembrar de uma das bandas mais bacanas criadas no underground maringaense.
O Projeto Zombilly lança um curta metragem com cenas de shows, entrevistas e material lançado pelo trio. O documentário "Ataque de Tubarão - BAR (Bocudo Agressivo Rápido)" tem duração de 9min49 com material produzido pelo jornalista Andye Iore, entre vídeos e fotografias entre 2013 e 2016.
No vídeo estão os três músicos xChicox Junior (guitarra e vocal), Iuri Marin (bateria e vocal) e Raoni Arroyo (baixo e vocal) falando sobre a formação da banda, estilo, o que a banda representa para cada um, entre outras situações. Os depoimentos são intercalados com cenas de shows que o Ataque de Tubarão fez em Maringá. Além de curiosidades como cartazes de shows, capas de discos e até do programa Zombilly no Radio que já tocou a banda algumas vezes.
DVD - O vídeo será disponibilizado no canal do Projeto Zombilly, no YouTube. A banda receberá uma matriz para fazer copias em DVD para serem vendidas com o dinheiro ajudando no lançamento de um disco póstumo da banda. O Projeto Zombilly colabora ainda nessa arrecadação de verba com a doação de bottons para a banda vender.

quinta-feira, 4 de fevereiro de 2016

Nelson Cancini sai em tour com banda pela Europa

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O maringaense Nelson Cancini (foto) foi para Londres, na Inglaterra, em busca do sonho de uma vida melhor. Chegou em setembro do ano passado, mal falando inglês, trabalhou em subempregos e foi aprimorando o idioma aos poucos. Por indicação de um amigo, ele baixou um aplicativo sobre vagas para músicos em bandas. Foi fazer um teste meio que por fazer, não acreditando que um estrangeiro cantaria numa banda em Londres. O grupo testou dez vocalistas e ele foi o escolhido. Mesmo não falando inglês fluentemente. Até parece conto de fadas de filme hollywoodiano.

Mas é o que aconteceu com o ex-vocalista da banda maringaense Cash in Flowers. Hoje Nelson Cancini é o vocalista da banda britânica Chasing Ghosts, que tem esquema profissional com empresário e músicas tocando em rádios rock europeias.
O grupo tem uma sonoridade misturando grunge com metal melódico, um pouco mais pesada que o Cash in Flowers. E eles saem em turnê em março, começando pela Holanda, percorrendo oito países da Europa até outubro. E deve ser esticada até o Japão e Austrália. “Estou vivendo um sonho que não se tem ideia da minha felicidade!”, comentou Cancini ao Projeto Zombilly sobre a situação. “O estilo da banda é um pouco diferente, mas me adaptei bem”.

O Chasing Ghosts gravou (foto abaixo) essa semana quatro músicas no Lynchmob Studios, onde o Deep Purple e The Manic Street Prechers já trabalharam. As canções “Fearless”, “Dark skies”, “Fallen from grace” foram produzidas por Tim Morris e  estarão num EP a ser lançado no final do mês. O site da banda já está atualizado com Nelson Cancini como vocalista.
Cancini comenta uma situação curiosa, além da história quase insólita passando por empregos com frango frito, construção civil e hamburgueria. Quando ele foi aprovado no teste, um dos músicos do Chasing Ghosts perguntou como ele se sentia ser o vocalista da banda mesmo não falando inglês bem ainda. “A língua da música se chama coração!”, respondeu com um sorriso o roqueiro maringaense.
Ele revela ainda que  em breve o Cash in Flowers lançará material novo que foi gravado em Maringá e mixado em Londres, onde Nelson Cancini grava os vocais e faz a mixagem.


OPINIÃO - Acho muito bacana que isso esteja acontecendo para o Nelson Cancini. Sempre procurei ajudar o Cash in Flowers. A banda tocou no Projeto Zombilly, no Clube do Vinil de Maringá e eu já toquei a banda várias vezes no Zombilly no Radio. O Nelson Cancini sempre esteve disposto a ajudar e participar dos eventos e fizemos uma boa parceria. É uma pessoa que merece ter coisas boas na vida.
* Site do Chasing Ghosts / Facebook da banda : @Cghostsmusic
Fotos: Andye Iore e arquivo pessoal de Nelson Cancini

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segunda-feira, 1 de fevereiro de 2016

Galeria Ocupação Cultural no Restaurante Popular

Ocupação cultural no Restaurante Popular , em Maringá (PR)
Data: 31 de janeiro de 2015
Bandas: Ataque de Tubarão, Comsequencia, Draw the Line, Desgraceria, Distanásia, Os Prolétas e Brian Oblivion & Seus Raios Catódicos
Fotos: Andye Iore
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Ataque de Tubarão
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Comsequencia
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Desgraceria
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Distanásia
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Os Prolétas
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Brian Oblivion & Seus Raios Catódicos
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Ivan Marinheiro
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Fazendo o “faça você mesmo”

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Maringá teve ontem (31) um dos melhores eventos da história do rock underground na cidade. Tocaram sete bandas: Ataque de Tubarão, Comsequencia, Draw the Line, Desgraceria, Distanásia, Os Prolétas e Brian Oblivion & Seus Raios Catódicos. E ainda teve a participação do rapper Ivan Marinheiro. O motivo era a despedida da banda Ataque de Tubarão cujo dois membros do trio estão mudando de Maringá, o que inviabilizaria a manutenção do grupo depois de seis anos de existência e muito barulho.

Mas o que fez do evento histórico não foram os shows e sim a mobilização das próprias bandas que fizeram uma ocupação cultural no vão do Restaurante Popular com seus próprios equipamentos e divulgação independente.
O resultado foi um evento cheio, com bons shows e público animado. Por diversas vezes já abordei no Projeto Zombilly que as bandas não precisam de prefeitura, bar ou divulgação em jornais. Numa das pesquisas que fiz sobre bandas maringaenses constatei aproximadamente 40 bandas underground de estilos variados. Somente parte desses músicos já seria suficiente para encher um show e viabilizar um evento. E foi justamente o que aconteceu ontem. Várias pessoas mobilizadas para fazer tudo acontecer sem nenhum problema.
E vale ressaltar que o line up tinha bandas uderground. Do punk rock clássico, passando pelo hard core contemporâneo até o grind core. Até o instrumental do Brian Oblivion & Seus Raios Catódicos que seria a banda com sonoridade mais acessível no dia ainda causa alguma estranheza no público não iniciado por não ter vocal. Mesmo com tantos eventos de surf music que já fizemos na cidade.
E assim, sem nenhuma atração de sonoridade acessível ou comercial, o evento cumpriu seu papel de mostrar as bandas, mobilizar um público, conscientizar as pessoas em questões políticas, sociais, ideológicas e contra preconceitos. E foi assim até o final, quando o local já tomado pela escuridão, um grupo recolheu todo o lixo, deixando o espaço limpo.
EGO - Há pouco a secretária de Cultura de Maringá deu uma entrevista de página inteira num jornal e sequer citou uma única letra sobre as bandas de rock de Maringá. Foi um “blá blá blá” com uma ladainha sobre os projetos culturais da prefeitura que ignora uma produção artística independente que grava discos por conta própria, toca em outros estados levando o nome de cidade.
Enquanto muitos dos artistas contemplados pela política cultural local acabam sumindo logo que seus projetos são lançados ao custo de milhares de reais dos contribuintes. Sem contar que tal política favorece o chamado “artistas profissional” que vive de sugar os editais públicos e todos os anos ocupa os espaços públicos que deveriam abrigar um volume maior de arte alternativa e/ou independente. Que é a que realmente forma e informa o público.
APRENDENDO – O único aspecto negativo do evento de ontem foi a organização ou bandas precisando chamar a atenção no microfone contra violência no mosh. Algumas pessoas ainda não assimilaram que a sua diversão não deve atrapalhar a de outras pessoas ao lado. E assim tinha gente que entrava no meio pulando, esperneando, socando, chutando, empurrado, tipo uma perereca no cio. Em tempos de internet e tecnologia vale uma pesquisada histórica sobre mosh para não fazer um “papelão” ao agredir outras pessoas na situação. E mesmo com Maringá já tendo recebido as principais bandas de hard core e punk do país, a situação se repete.
Chega até a ser curioso – ou digno de vergonha alheia – observar alguns jovens aventureiros na questão. Entram com tudo no mosh, batem nas pessoas e ficam poucos segundos, saindo sorrindo como se tivessem passados pela maior transgressão da história, tipo “nossa meu, eu entrei lá no meio...”. Como um “Indiana Jones do Rock Malvado”. Não tem nada de engraçado nisso e isso não faz parte da cultura punk e hard core. Embora seja comum, infelizmente, hoje. Aproveita a pesquisa para parar de chamar stage dive de mosh.
Foto: Andye Iore