segunda-feira, 12 de março de 2012

O tosco nos grandes eventos... ou Como Morrissey não merecia essa


Nós que trabalhamos com rock independente convivemos há décadas um o mito que esse meio é tosco, desorganizado e improvisado. Nesse final de semana tivemos exemplo de que a desorganização também acontece em grandes eventos. O show do Morrissey em São Paulo ontem foi uma vergonha na estrutura e organização.

O ingresso caro (R$ 200 e R$ 340 + taxas) não garantiu conforto e boas condições ao público por parte da produtora XYZ e da casa Espaço das Américas. O anunciado era que a casa abriria às 18h e o show de abertura começaria às 20h. Até aí tudo bem. Por volta das 16h já havia uma multidão em duas filas no local, uma para pista comum e outra para pista premium. Por volta das 17h caiu um temporal e milhares de pessoas passaram aproximadamente 50 minutos embaixo da chuva que acabou alagando uma das laterais da rua. O que seria a política da “boa vizinhança” em abrir a casa mais cedo, não aconteceu. Na fila em frente a portaria acumulou tanta água que parecia uma piscina com gente em pé.

A casa aberta e aquela correria para ficar mais na frente possível. Acontece que a ridícula divisão entre pista e pista premium é que a segunda era na frente do palco e a pista comum era no meio do salão. Como é comum, bebidas e alimentos são mais caros dentro dos estabelecimentos do evento. Mas nesse show foi exagerado: garrafa de água pequena a R$ 5, lata de cerveja R$ 7 e pizza (do tamanho de uma esfirra) R$ 10. As camisetas vendidas a R$ 30 do lado de fora com os camelôs (que no final do show passaram a vender por R$ 25) estavam dentro a R$ 60. Anunciadas como camisetas oficiais, nenhuma delas tinha estampada alguma referencia tour brasileira.

Voltando ao show: a abertura foi um lixo. Quem escolheu a tal Kristeen Young merece ser chamado de imbecil. A garota consegue reunir o pior da Bjork, Nina Hagen, Kate Bush e Lady Gaga. E potencializar isso. Ora cantando e martelando um teclado, ora cantando com uma base pré-gravada conseguiu irritar o público e foi aplaudida no final do show depois de tortuosas oito músicas. Não porque o público gostou, mas porque ninguém agüentava mais.

Com a casa cheia (estimativa é que cabem 9 mil pessoas no lugar) com ingressos esgotados, o ar condicionado não funcionou. Na metade do show do Morrissey o ar estava abafado e o suor escorria. Para piorar, quem ficou mais atrás mal conseguiu ver o show. Havia dois telões nas laterais do palco e estavam desligados. E, para piorar, o desrespeito com a banda: na metade do show do Morrissey as caixas do lado esquerdo começaram a “pipocar”. Nas músicas mais lentas rolavam estalos constrangedores que não sei como o Morrissey não reclamou.

Com tudo isso, Morrissey e sua ótima banda fizeram um ótimo show que vou escrever logo mais. O público saiu com aquela sensação de ter tido uma ótima noite, mas o desrespeito gera desconfiança nos próximos shows da XYZ e no Espaço das Américas.

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