quarta-feira, 25 de novembro de 2020

Produtora que organizou carreira dos Racionais participa da Semana do Hip Hop

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Eliane Dias: colocando ordem nos Racionais . Foto: Vice


A Semana do Hip Hop de Maringá terá hoje (25), às 19h, um dos destaques do evento. Produtora Eliane Dias tem uma exemplar história de vida e profissional. Advogada e ativista de causas feministas, sociais, políticas e artísticas. Há oito anos produz os Racionais, principal banda de RAP do Brasil. E mudou totalmente carreira do quarteto. Tirou banda do culto independente do gueto para fazer shows nas principais casas de espetáculos do país. 

Pegou banda com mais de duas décadas de existência, encarou o machismo no meio do RAP e a rejeição da banda. Insistiu e venceu. Criou Boogie Naipe, produtora com nove artistas e diversos produtos oficiais como canecas, bonés, camisetas, vinis, CDs, DVDs, acessórios, livros. Criou páginas na internet para os Racionais, fez uma agenda típica do show business com banda ganhando dinheiro com direitos autorais. Próximo passo é relançar discografia dos Racionais que acabou de ganhar uma pequena tiragem por selo independente e maioria dos discos já esgotou na pré-venda. 

Se Eliane Dias e Racionais fossem americanos, estariam no nível de astros como Run DMC, NWA, Public Enemy e Wu-Tang Clan. Que assinaram contratos milionários e fizeram tours sold out em estádios. Mas ainda há muito mais por vir, segundo a produtora que atendeu imprensa da prefeitura para entrevista: 

ENTREVISTA

ANDYE IORE - Há diferenças de quando o RAP nacional começou em meados da década de 1980 para hoje?

ELIANE DIAS - A disseminação é mais rápida hoje. As pessoas têm acesso e conhecimento muito rápido. Antes as pessoas se aprofundavam mais, sabiam mais do que estavam falando. Antes tinha menos acesso à informação, mas falavam com mais propriedade. Hoje as pessoas têm mais acesso, mas estudam de forma superficial. Precisa se aprofundar mais no assunto. Quem consome RAP hoje é mais exigente, não se satisfaz só com visual.  Tem que ter informação com propriedade porque vai chegar em muita gente.

Além dos problemas sociais quem sempre têm nas periferias hoje há conflitos políticos que interferem na vida das pessoas. Até que ponto você como produtora de RAP atua nesses conflitos? 

Procuro não ser alienada. Sou ativista política. Estudo com profundidade, sei o que significa cada coisa. Sei quem está batendo numa ponta e porque o outro está apanhando. Sei que essa alienação política acontece pelo fato das informações serem superficiais. Todo mundo sabe de tudo, mas sabe só a primeira linha e não do resto. Temos que nos aprofundar pra aprender, entender. O RAP chega mais perto, ajuda as pessoas a se informar mais. Todo mundo tem ser político, entender de política. Não é trabalhar com política. Mas entender. Quem é candidato, se ele é racista, misógino, se bate em mulher, se conhece periferia. Tem candidatos que não conhece a periferia e quer voto da periferia.

Como você está trabalhando durante pandemia do coronavirus com as restrições de não poder fazer eventos presenciais? 

Tenho um coronograma de trabalho. Num ano sou programada pra fazer show, ficar fora, vender show. E no outro ano fico interna, criando. E esse ano era pra eu ficar interna criando. Ano passado fizemos turnê 3D. Já tinha planejado pra ficar interna com coisas importantes, dentro da produtora. Ano que vem vamos sair. A partir de março vamos para rua. Com a rede dos artistas toda organizada, Instagram, YouTube, Spotfy, Deezer, Google Play, todas plataformas organizadas conseguimos trabalhar e receber por streaming, direitos autorais, fazer publicidade. Vida que segue. Não é um mundo ideal, mas dá pra segurar. Estou odiando isso tudo. Odeio! Ter que ficar sem fazer show. Odeio ver produtores sem serviço, pedir cesta básica pra dar pra quem trabalha, pros artistas. Espero que tudo isso passe logo.

Você é apontada como a responsável pela profissionalização dos Racionais. O que mudou desde o começo da banda há três décadas até hoje? 

Cheguei para organizar mesmo os Racionais. Minha formação é Direito. Trabalho com metodologia de processos. Tenho que ver uma coisa, duas, três, quatro, cinco vezes. Entender e depois fazer. Nada é feita num rampante, de cabeça quente. Racionais trabalhava e tinha seu grande público, seu respeito, Mas não tinha metodologia executiva, de papel, assinatura de contratos. Faço isso. Racionais tem público em todas classes sociais. Consegui colocar RAP em todas as casas. Nas classes A, B, C, D e E. Ver o RAP mais respeitado como obra de arte. Colocar para tocar nas maiores e melhores casas de shows do Brasil. Não só para os Racionais, como para o RAP em geral. O RAP também merece ser bem tratado, ter camarim, transporte adequado, receber direitos autorias, ter sua aposentadoria e ganhar dinheiro com isso. Racionais é uma banda grande e precisa dessa organização. 

Discos em vinil dos Racionais foram relançados em pequena tiragem de um selo independente e maioria já esgotou. Você tem noção que tem mercado fonográfico de novo no Brasil e que isso poderia ser mais explorado já que há uma grande demanda de novos fãs que não tem discos da banda?

Pretendia fazer mais. Fizemos 10 mil discos. Foi muito pouco. Íamos fazer fora do país, mas com a pandemia mudou tudo. Sabemos disso tudo. Estou pensando com carinho sobre o assunto. Se ver que é fonte de renda e satisfação para o público, faremos mais. Estamos pensando nisso. 

• ONDE VER: Página da Semuc no YouTube . 


terça-feira, 18 de agosto de 2020

Wi-Fi Kills é próximo lançamento da Zoom Discos

A banda curitibana WiFi Kills lançará disco novo em novembro pela Zoom Discos. Compacto 7 polegadas "Melting times" terá quatro músicas: "8 bit man", "Car city", "Repeated movements" e "2d". Tiragem é de 300 cópias. "O disco já está indo para fábrica e estamos ansiosos para ficar pronto", comenta guitarrista e vocalista, Klaus Koti "Chucrobillyman".

Sons foram das últimas gravações no finado estúdio Ceffeine, em São Paulo. Gravação em fita de rolo ao vivo, com somente vocal em overdub. O fino do garage rock tosquera. 

Outra novidade é que esse será primeiro lançamento da Zoom Discos feito na fábrica Vinil Brasil, em São Paulo. Sócios Leonardo Cavalli e Felipe Sad acabaram de fechar acordo com fábrica paulistana e já tem outros títulos na fila. Entre eles discos novos das Jaguatiricas e do Vida Ruim. 

"Melting times" será o 14º título da Zoom Discos. WiFi Kills já lançou split com banda Thee Dirty Rats pelo selo goiano Mandinga Records em 2017. E já lançou dois discos online disponíveis no site da banda: "Water sounds EP" (2016) e "Synchronized errors" (2019).

Banda curitibana tem sonoridade única no Brasil, num new wave garage e ganha fãs a cada show que faz. Formação é uma seleção com músicos de outras bandas curitibanas de garage rock.


DISCOGRAFIA:
• "Water sounds EP" (2016)
• Split Thee Dirty Rats / WiFi Kills (2017)
• "Synchronized Errors" (2019)
• "Melting times" (2020)

• Site do WiFi KIlls
• Site da Zoom Discos
• Site da Vinil Brasil