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segunda-feira, 29 de fevereiro de 2016

O lendário roqueiro das mil músicas

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Marco Butcher (foto), 47 anos, foi embora do Brasil há dois anos, mas deixou ótimas lembranças e muitos fãs. A lenda do rock independente brasileiro tem duas características que se destacam: a primeira é uma extensa carreira em mais de 15 bandas desde o começo da década de 1980. A segunda é não se importar muito com o que já fez, mesmo que esse passado seja muito importante para fãs, amigos e ex-companheiros de bandas. Ele quer sempre ir pra frente, fazer mais.
Os 35 anos de carreira proporcionaram que ele compusesse aproximadamente mil canções, segundo sua própria estimativa. Incluindo algumas músicas que permanecem inéditas ‘escondidas’ nas gavetas de casa.  E vem muito mais por aí. Marco Buchcer mora com a esposa em Winston Salem, na Carolina do Norte, nos Estados Unidos, desde 2014, onde está ativo como nunca, compondo e tocando.
Sempre com muito pouco para falar de suas ex-bandas e entusiasta para falar de seus atuais projetos. Ele revela alternar trabalhos de restauração e pintura de interiores e com sua música.  Atualmente com gravações e shows com Rob K., no The Jam Messengers, e lançamento de um terceiro disco do duo Jesus & The Groupies. Essa semana ele ai em tour pelos EUA com The Jam Messengers.
Marco Butcher sabe que sua memória não é das melhores. Para piorar ele já lançou tanta coisa que mal lembra, justamente por esse desapego das coisas passadas. Até seu apelido passa por isso. “Acho que Butcher veio da tradição das antigas bandas punks e 60s, dos membros usarem o nome da banda como sobre nome. O nome da banda [Thee Butchers Orchestra] foi ideia minha. Acabou pegando. Acho que os amigos começaram a chamar assim e ficou. Nós três da banda usávamos Butcher. Isso tem mais de 20 anos...”, força a memória.
O Projeto Zombilly fez um resgate histórico da carreira de Marco Butcher incluindo uma entrevista com ele falando sobre o que anda fazendo.

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ENTREVISTA
ZOMBILLY - Por que você decidiu viver nos Estados Unidos?
MARCO BUTCHER -
Eu me mudei pra cá dessa última vez em 2014. Já tinha morado aqui em outras fases da minha vida, sempre em cidades e estados diferentes. Acho que com o tempo percebi que estava passando mais tempo aqui que no Brasil. E, é claro, o fato de ter minhas bandas aqui fez muita diferença na decisão.
Quais foram as ultimas coisas que você gravou e lançou?
No momento tenho projetos diferentes rolando, como o “Five Kinds Of Bad”, que é um álbum de outtakes do The Jam Messengers, sendo lancado na Inglaterra pelo selo Sour Moon Records. Também com os Messengers temos um split single que fizemos com os Black Mekon, tambem saindo na Inglaterra. Fora isso, os Jesus & The Groupies estão pra lançar seu terceiro álbum que leva o nome de “Weapons Nature Provided” e trás como convidado o texano Walter Daniels (do Jack O Fire, Bigfoot Chester) nos vocais, gaitas e saxofones. O álbum também conta com várias participações de gente como Chet Weise (do Immortal Lee County Killers) fazendo algumas guitarras, Texcala Jones (do Tex & The Horseheads) fazendo vocal em uma das músicas, Mike Mariconda (do The Devil Dogs) nas guitarras e por aí vai.
Como é sua rotina aí nos Estados Unidos? Você vive de música?
Eu e minha esposa moramos numa parte da cidade que é meio como um bosque ou floresta se preferir.  Então, apesar de ser bem perto do centro da cidade ainda temos muito espaço e privacidade pra poder trabalhar em casa. Montei um pequeno estúdio aqui há um ano e meio. E de lá pra cá tenho tentado deixar a coisa melhor na medida do possível, investindo tempo e equipamentos na sala e coisas do tipo. Viver de musica? Não acho que poderia dizer que sim.  O que rola é juntar tudo entre shows, venda de discos, produção de outras bandas e tal. Mas também trabalho fazendo outras coisas.
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Garage Fuzz (Londrina, 1992)

O que seria diferente se você tivesse continuado no Brasil?
Difícil dizer. Acho que tudo na real. Morar aqui facilita minha vida em vários sentidos. O primeiro deles é que eu e o Rob K entramos num processo de tours e gravações que é muito mais regular e bem estruturado. Depois o fato de poder ter esse tempo pra trabalhar no meu estúdio e criar a música que quero, da forma que ouço na minha cabeça, é bem importante pra mim.
A maior parte dos discos que você lançou está fora de catalogo e raramente se encontra para comprar hoje. Você pensa nisso, em relançar algo ou foca só em lançar coisas novas?
Cara, eu não sou muito do tipo que olha pra trás e coisa parecida. Não costumo pensar no que já foi feito e se ainda faz sentido ou se está ou não em catalogo, nem nada do tipo. É claro que se alguém em determinado momento for afim de fazer algo assim, relançar minhas coisas, seja lá com que banda for, é provável que eu diga ok. Mas, contar comigo pra cuidar disso eu diria que é no mínimo bem complicado. Gosto de gastar meu tempo olhando pra frente.
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Thee Butchers Orchestra (São Paulo, 1998)
De tudo que você já gravou e de todas bandas que já participou, o que te dá mais orgulho. Tem algo que você não goste?
Acho que no final o orgulho vem da oportunidade de poder trabalhar com pessoas que você gosta e respeita na música. Não sei dizer se tenho algo que goste mais. Faço discos por motivos diferentes. Então, em algum momento é claro que todos eles fazem sentido pra mim.  Se não gosto, não lanço. Não faria sentido.
É comum no meio das onemanbands os músicos fazerem seus próprios instrumentos, experimentar com objetos. Você já fez algum instrumento, usou algo incomum?
Na verdade nao me vejo como onemanband de forma alguma. Toco só às vezes e com amigos às vezes. Mas não penso onenamband como minha forma de fazer e mostrar música. Não acho que eu faça parte da cultura onemanband nesse sentido. Então, na real, sei pouco sobre. É claro que experimentos fazem parte da música. Ainda mais quando você começa aos dez anos. Cansei de destruir caixas, panelas e tudo que eu pudesse socar na tentativa de construir uma bateria [risos] pras minhas primeiras bandas de garage que moraram por algum tempo na garagem da minha antiga casa em São Paulo.
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Pin Ups (Juntatribo, Campinas, 1993)
O Pin Ups é idolatrado no meio independente brasileiro. Você parece não compartilhar da mesma idolatria dos fãs. O que representou você tocar na banda ?
Eu não sigo muito revistas ou zines e coisas do tipo. Meu interesse em música é música e não o que esse ou aquele crítico acha sobre música. Então, de certa forma, essas informações raramente chegam pra mim. E, quando chegam, meio que deixo passar porque pra mim não faz muito sentido se agarrar em passado. Mas, de fato não tenho muito pra falar sobre.
Pouca gente sabe, mas você cantou no Garage Fuzz no começo da banda. O que você lembra?
Bons tempos! Sempre curti o pessoal da banda e sempre fomos amigos. Mas, na época que eu estava na banda o lance era bem mais SST e musica estranha, punk rock talvez! Não sei se eu chamaria aquela fase de hardcore. Bem provável que não.
Vamos falar de garage rock... o Brasil tem muitas bandas bacanas, mas não tem uma organização, uma cena. É meio cada um por si...
Não vejo a coisa como uma cena. O que na real acaba sendo mais legal. Acho que temos alguns músicos flertando com esses estilos nos últimos anos e misturando isso a coisas mais atuais ou experimentais se preferir.
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Thee Butchers Orchestra (São Paulo, 1998)
E o que representa o garage rock pra você?
Acho que tem duas formas de ver isso: uma é a ideia de começar a banda ensaiando em garagens. E enfim, mantendo a coisa toda o mais simples possível. A outra tem mais a ver com cena ou tendência. O que na real acabo não prestando muita atenção. Toda essa onda revival, bandas soando ou tentando soar como nos 60s e tal. Não é algo que eu acompanhe. Gosto da ideia de viver meu próprio tempo. Acho a coisa toda de revival meio cansativa.
E como tem sido seu processo de composição atualmente?
Na real, nunca penso em música pra compor música. Vem de outras coisas. Da vida, da rua do que está rolando na minha rotina ou falta de rotina. É muito mais fotográfico na minha cabeça, eu acho. Às vezes, a própria letra faz a música. Não tem muito um formato. Cada som acontece de uma forma.
O que você planeja para sua carreira no futuro?
Sem planos! No momento minha esposa está produzindo “Night & Day”, que será o próximo álbum a ser lançado pelos Jam Messengers. Talvez no final desse ano ou começo do ano que vem. Fora isso, shows shows shows e mais shows! Estar na estrada é pra mim a única coisa certa. O resto eu deixo ser acidental e assim vemos o que rola.
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SITES:
- Facebook de Marco Butcher .

- Facebook do Jam Messengers .
- Site do Jesus & The Groupies .
Texto e fotos: Andye Iore / Zombilly

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Pin Ups (Londrina, 1992)

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Jesus & The Groupies (Maringá, 2011)

quarta-feira, 10 de setembro de 2014

Garage Fuzz lança edição especial de 20 anos de “Relax in your favorite chair”



A banda santista de hard core Garage Fuzz lançará no dia 20 de setembro uma edição especial do disco “Relax in your favorite chair”, (1994). A edição limitada é em vinil com 500 cópias, um encarte com a arte atualizada e um fanzine com 32 páginas. As primeiras 50 copias tem ainda um brinde especial. “O disco foi masterizado para vinil no Mammoth Sound que faz uma porrada de trampo de hardcore e metal bom”, anunciou o vocalista Alexandre Cruz, sobre o relançamento. O disco foi prensado na Polysom e será lançado pela Anda Anda Discos e Spicoli Discos, custando R$ 50.
O Garage Fuzz foi formado em 1991 em Santos (SP) e segue tocando e gravando até hoje. O “Relax in your favorite chair” foi lançado em 1994 em CD e é um marco no cenário hard core brasileiro, sendo lançado até na Europa.
A banda se prepara para gravar um disco novo. Devem ser 13 ou 14 músicas inéditas. “Parece uma fase que tem o pique das antigas, mas com as estruturas de composição das novas e mais atuais”, comentou Alexandre Cruz sobre as novas músicas. Outra novidade é que o disco “Turn The Page… The Season Is Changing” (1999) também será relançado em vinil pela mineira Burning London.


*COMENTÁRIO - Além de acompanhar a formação da banda e vários shows no começo, é bem bacana ver que o Gargae Fuzz continua tocando. Conheço o Alexandre desde a época dele como roadie do Pin Ups [faz tempo, hein!] e agora é uma grande satisfação saber que o fanzine da edição especial do “Relax in your favorite chair” terá fotos minhas, da época do disco, que fiz em alguns shows que acompanhei por aí. Por minha “culpa” a banda tem muitos fãs na região de Maringá. Sempre tinha copias do “Relax in your favorite chair” disponíveis na loja O Porão na década de 1990. Quando acabava, pedia mais para a Roadrunner Rec. E vendeu bastante!
* Compre a edição especial do disco “Relax in your favorite chair”, do Garage Fuzz.
* A foto acima é uma previa da capa da versão em vinil publicada hoje na internet por Alexandre Cruz.

segunda-feira, 23 de maio de 2011

Lenda do rock independente toca em Maringá


Ele atende por muitos nomes. Mas não é Legion, a entidade demoníaca dos filmes de horror. Marco Butcher é uma lenda no rock independente brasileiro em atividade há quase 30 anos montando bandas em São Paulo. Passou da bateria na lendária Pin Ups entre o final dos anos 80 e começo dos 90, foi o primeiro vocalista da badalada Garage Fuzz (primeira foto acima), levou a tosquice garage para um padrão mais respeitável com a Thee Butchers Orchestra (que tinha na formação o maringaense Rodrigo na bateria e o hoje “astro” Adriano Cintra, do Cansey de Ser Sexy), foi a primeira onemanband brasileira até chegar numa carreira gringa com o Jam Messengers, um duo junto com Rob K. (ex-Jon Spencer Blues Explosion). Além de ser produtor da Mamma Vendetta, grupo paulistano que tem estúdio, produtora de shows e selo para bandas.

E agora o incansável roqueiro está em tour pelo Brasil com seu novo projeto: Jesus & the Groupies, misturando blues, punk, garage e alguns experimentalismos. A banda em formato de duo é completada com um amigo de longa data e também viciado em garage rock: Luis Tissot, ou The Fabulous Gogo Boy From Alabama. A banda foi formada no final do ano passado e já lançou o disco “Black heart industry” nos Estados Unidos e agora divulga no Brasil.

DATAS:
Shows do Jesus & The Groupies
• dia 27 de maio, sexta, no Garagem Hermética , em Londrina
• dia 28 de maio, sábado, na casa da Cultura, em Paraíso do Norte
• dia 29 de maio, domingo, no Tribo´s Bar, em Maringá

VIDEOS:
• Veja vídeo de “Rock´n´roll medicine”, do Thee Butchers Orchestra, no programa Musikaos.
• Veja vídeo de “Georgia Lee”, do Uncle Butcher.
• Veja vídeo de “Ex-wife number 3”, do Jesus & The Groupies.

quinta-feira, 21 de outubro de 2010

Yes, nós temos hard core!



Algumas pessoas me perguntaram se eu gostava de hard core também por ter ido no show do Garage Fuzz, no Tribo´s Bar, no último domingo.
Achei engraçado porque estou sempre escrevendo sobre punk rock e outras tosquices roqueiras. Em nenhum momento mostrei que não curtiria hard core.


Sobre o Garage Fuzz há uma relação bacana antes mesmo do começo da banda.
Acompanhei bandas como Psychic Possessor e Safari Hamburguers, entre o final dos anos 80 e começo dos 90, cujos músicos passaram a tocar depois no Garage Fuzz. Vi, incluisve, alguns shows da segunda formação do Garage Fuzz, quando o Farofa só tocava guitarra e quem cantava era o Marquinhos (que tocava bateria no Pin Ups e hoje é Uncle Bucther, um dos primeiros onemanbands do país).
Dessa época tenho os discos das bandas citadas acima, bem como a demo tape “Garbage funny things” (1993), do Garage Fuzz.


Uma historia bem curiosa que presenciei sobre o Garage Fuzz foi o show que a banda fez no primeiro Juntatribo, em 1993, em Campinas (SP). A festona rolando bacana e quando o Garage Fuzz subiu ao palco uns punks anarquistas já começaram apavorando na frente do palco, protestando e ofendendo a banda. Tudo por causa de uma entrevista que os punks interpretaram de maneira errada e queriam tirar satisfação.


A banda mandando ver como sempre no som e os punks ali na frente cuspindo e batendo correntes no palco. E eu ali na lateral do palco trabalhando no apoio às bandas. E era gente da organização correndo pra todo lado atrás de seguranças. O engraçado é que a banda não pipocou. Se afastou um pouco da frente do palco e seguiu tocando. E até revidava as cusparadas. O show seguiu e depois que acabou, a banda foi cercada na saída do palco e rolou uma discussão que não deu em nada. Só muitas risadas depois.


As imagens do Garage Fuzz desse post eu fiz:
• a primeira em 1992, em um show no Gran Mausoleu, em Londrina, em 1992, com formação antiga;
• a segunda foto é do festival Circadélica, que reuniu 30 bandas em Sorocaba (SP), em 2001.

terça-feira, 19 de outubro de 2010

Galeria Garage Fuzz

Banda: Garage Fuzz
Local: Tribo´s Bar
Data: 17 de outubro de 2010








(clique para ampliar)
Fotos: Andye Iore

segunda-feira, 18 de outubro de 2010

Galeria do rock no final de semana

Cenas da maratona de shows do final de semana no Tribo´s Bar, em Maringá:

Garage Fuzz

A Família Palim

Draw the Line

Frenesi no Tribo´s Bar

Facas Voadoras

A vodca matadora

Wolf Attack

Quarentine

Bravo
... depois tem mais!

Fotos: Andye Iore