domingo, 25 de março de 2012

O outsider vândalo das próprias imagens


Toda expressão artística tem seus outsiders. Na fotografia um dos nomes mais admirados e que não teve muita sorte em vida foi o holandês Gerard Petrus Fieret. Ele nasceu em 1924 e morreu em 2009, com 85 anos. Pouco antes de sua morte, quando vivia na miséria, um museu particular nos Estados Unidos vendia uma de suas fotos por US$ 20 mil. E Fieret nem imaginava que isso acontecia.

Fieret começou a trabalhar tarde com fotografia, em meados da década de 1960, quando tinha pouco mais de 40 anos. Ele usava máquinas Zenith e Praktica.
O fotógrafo desenvolveu um estilo trabalhando de maneira obsessiva, influenciado por traumas da infância sobre abuso e abandono na família. O adulto perturbado com uma máquina fotográfica na mão achava que sua obra era roubada por pessoas estranhas. Por isso, passou a assinar e estampar suas imagens reveladas em um laboratório e estúdio improvisado em sua simples casa. Sem compreender, o fotógrafo vandalizava e, ao mesmo tempo, imprimia uma marca pessoal em seu trabalho para a posteridade.

Fieret levou uma vida boêmia assim como passava necessidades básicas. Ele morreu sozinho na pobreza extrema, vivendo em uma casa caindo aos pedaços em meio a bichos e ao lixo que ele acumulava, deixando sua obra se degradando. Por isso é comum ver imagens de Fieret com mofo, corroídas e rasgadas. Para lamentar ainda mais a relação artista x obra, Fieret terminou sua vida de maneira melancólica, sem conseguir tomar banho e dormindo poucas horas por noite sentado em um sofá.

A maior parte do trabalho era de retratos femininos, com alguns nus. As modelos eram mulheres da cidade que eram convidadas a posar sem compromisso. E o fotógrafo não se intimidava em participar das cenas que ele mesmo criava no bagunçado quarto usado como estúdio.
Gerard Fieret é hoje influência para diversos fotógrafos no mundo que usam seu legado seja para a clássica fotografia em preto & branco, seja para cenas bucólicas do cotidiano ou para a badalada fotografia erótica.

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