E
poderíamos incluir no título acima “e também dá entrevista”. Quem acompanha a
banda maringaense de surf music sabe que não são situações muito comuns. O
Brian Oblivion & Seus raios Catódicos já passou por inúmeras formações, tem
um divertido histórico de lendas urbanas e em mais de 20 anos de existência
nunca lançou um álbum entre idas e vindas, alternando períodos de hibernação
com outros de iniciativas pessoais. O grupo passa agora pela segunda situação.
A banda
acabou de gravar seu segundo EP. “Maristela é meu limite” tem cinco músicas e
será lançado esse final de semana, no badalado festival Primeiro Campeonato Mineiro
de Surf, que chega em sua 14ª edição, em Belo Horizonte (MG). As
músicas “Matando Jacob”, “Balada do filho gay”, “Tereza”, “Santo” e “New Hope theme”
foram gravadas no Estudio Burn e não são tão novas, pois já fazem parte do
repertório de shows da banda.
DISCO – O
Brian Oblivion & Seus Raios Catódicos foi formado em 1996 e lançou seu
primeiro disco em 2011 (existe uma lenda urbana que a banda havia gravado um
disco há muito muito tempo atrás e as gravações foram perdidas). A banda gravou
cinco músicas no Studio Vox, em Maringá, em 2009 e nunca lançou. O Projeto
Zombilly pegou os arquivos e produziu por conta própria uma tiragem limitada de
50 cópias que foram entregues para a banda que, claro, nunca mais fez outra
tiragem. O disco
tem cinco músicas e mais um bônus gravado ao vivo no Projeto Zombilly, no estúdio
da UEM FM, e foi lançado em maio de 2011.
Aliás, o
Projeto Zombilly faz um papel informal numa mistura de fã, produtor e
divulgador da banda que já participou de entrevista no Zombilly no Rádio,
gravou ao vivo no estúdio no projeto Zombilly Tracks, já teve músicas tocadas
no programa inúmeras vezes, diversos convites para shows (incluindo um com uma
inusitada versão como duo) e muitas indicações para amigos ouvirem. Sendo uma
delas a que levará a banda até Belo Horizonte agora. Claro, por
méritos próprios e não porque eu indiquei... e continuarei ajudando como puder
porque essa é uma banda que gosto muito e fico feliz em ver que mais pessoas
conheçam uma banda com uma sonoridade não popular na cidade, cujos shows não
são sucesso de bilheteria... como é a opção e idealização cultural do Projeto
Zombilly.
Entrevistamos
o guitarrista Gustavo Bordin e o baterista Paulo Agostinho que comentaram sobre
a gravação do disco novo e outras situações que poucos conhecem sobre a banda.
ENTREVISTA
ZOMBILLY
- Como foi a gravação do disco?
GUSTAVO
BORDIN - O disco está finalizado. Já terminamos o processo de mixagem e
masterização do áudio. Dessa vez, optamos por um som um pouco mais limpo,
principalmente porque as músicas são mais melódicas. Como já tocávamos estas
músicas em shows há algum tempo, elas estavam bem amadurecidas, o que permitiu
pensar melhor nos arranjos de trompete e teclado. Gostamos bastante do
resultado.
PAULO
AGOSTINHO - Para mim as gravações são sempre um processo, ao mesmo tempo
bastante criativo e cansativo. Acho que isso se deve ao fato de eu ser um
baterista essencialmente intuitivo e primitivo (leia-se sem técnica). Tenho
certa dificuldade com marcações metronômicas ou repetição idênticas de viradas,
por exemplo. As gravações foram rápidas. As músicas já tinham uma estrutura
previamente estabelecidas. O arranjo mudou um pouco com acréscimo de novas
camadas de trompetes, teclados e um pouco de percussão. Achei que ficou bonito.
Importante dizer que o fato de serem músicas próprias foi fator preponderante
para desejássemos fazer o registro, isso realmente dá uma mudança de
perspectiva e estimulo para continuar e pensar em coisas maiores para o futuro.
Quantas
músicas serão e qual previsão de lançar?
GUSTAVO
BORDIN - São apenas cinco músicas, assim como no primeiro, o “Conforto
Acústico”. Não estamos preocupados em gravar em quantidade. As coisas pra gente
funcionam bem devagar, sem nenhuma pressa. Achamos que essa era a hora de
gravar essas músicas, então gravamos. O lançamento oficial está previsto para o
dia 2 de maio, data de aniversário da lenda da Surf Music, Link Wray. Será em
Belo Horizonte, no 14º Primeiro Campeonato Mineiro de Surfe. O lançamento em
Maringá ainda não tem data definida, mas na cidade temos alguns amigos que
apoiam a banda, não vai ser difícil fechar um dia.
Vocês vão
tocar no maior festival de surf music do Brasil. como esta a expectativa para o
Campeonato Mineiro de Surf?
GUSTAVO
BORDIN - Estamos bem animados, é um grande festival, bem organizado e também,
como disse, será o lançamento do disco. É uma ótima oportunidade para
conhecermos pessoalmente as melhores bandas de surf music do Brasil. Nunca
tocamos em outro estado, então será marcante.
PAULO AGOSTINHO - Poxa é massa tocar em outra cidade ainda mais em uma metrópole. Acho que vai ser um grande experiência . Interagir com o pessoal do surf, ainda mais que minero é tudo gente boa.
PAULO AGOSTINHO - Poxa é massa tocar em outra cidade ainda mais em uma metrópole. Acho que vai ser um grande experiência . Interagir com o pessoal do surf, ainda mais que minero é tudo gente boa.
A banda
alterna períodos de shows e iniciativas com outros de "marasmo". Como
foi pra vocês tomarem a iniciativa de gravarem agora?
GUSTAVO
BORDIN - Acredito que essas oscilações são normais para as bandas independentes.
É mais difícil ainda para nós já que fazemos música instrumental. O público é
muito seleto e tocar com muita frequência pode ser desanimador. Tocar toda vez
em Maringá pra meia dúzia de pagante não é muito estimulante. Mas nunca
deixamos de ensaiar, de criar músicas. Apenas, às vezes, optamos por não ir
atrás de shows, pra preservar nossa autoestima. Nos divertimos bastante em
ensaios e a iniciativa de gravar também foi pensando no bem-estar da banda.
Tínhamos as músicas, estavam maduras e escolhemos cinco para gravar, sem
estresse, sem pressão. Simplesmente porque gostamos de surf music.
PAULO AGOSTINHO - O Brian não teve durante sua história muitos registros em função um pouco da displicência de seus componentes, da ideia de diversão inconsequente, a falta de noção de que o tempo passa muito rápido (dai a importância de registrá-lo), do gasto dos cachês dos show (quando havia) em bebida, constante troca de componentes em algumas fases da banda, além do fato de termos poucas músicas próprias durante muito tempo. Isso tudo mudou, daí o registro.
PAULO AGOSTINHO - O Brian não teve durante sua história muitos registros em função um pouco da displicência de seus componentes, da ideia de diversão inconsequente, a falta de noção de que o tempo passa muito rápido (dai a importância de registrá-lo), do gasto dos cachês dos show (quando havia) em bebida, constante troca de componentes em algumas fases da banda, além do fato de termos poucas músicas próprias durante muito tempo. Isso tudo mudou, daí o registro.
O que
mudou nas influências da banda nesses anos e das gravações entre os dois
discos?
GUSTAVO BORDIN - Quando entrei, em 2003, a gente só tocava cover e versões simplificadas dos clássicos da surf music, e nosso repertório não mudou muito até 2008. Então, quando estávamos cansados de tocar as mesmas músicas, e não tinha mais música fácil pra tirar, decidimos começar a criar. Nosso primeiro EP, o “Conforto acústico”, foi gravado em 2009, mas lançado em 2011. Porém, em 2010 já tínhamos mudado novamente a formação da banda. Foi quando a Elise entrou com o trompete. Ou seja, mudamos o repertório com a inserção do trompete, e tocávamos só duas músicas do disco recém lançado. Acho que o divisor de águas foi mesmo um instrumento de sopro dividindo as melodias com a guitarra. Foi possível tocar novas músicas e facilitou também na criação. Começamos a ouvir com mais cuidado outros estilos musicais, como o chorinho, tango, música latina em geral, para ajudar nas composições.
GUSTAVO BORDIN - Quando entrei, em 2003, a gente só tocava cover e versões simplificadas dos clássicos da surf music, e nosso repertório não mudou muito até 2008. Então, quando estávamos cansados de tocar as mesmas músicas, e não tinha mais música fácil pra tirar, decidimos começar a criar. Nosso primeiro EP, o “Conforto acústico”, foi gravado em 2009, mas lançado em 2011. Porém, em 2010 já tínhamos mudado novamente a formação da banda. Foi quando a Elise entrou com o trompete. Ou seja, mudamos o repertório com a inserção do trompete, e tocávamos só duas músicas do disco recém lançado. Acho que o divisor de águas foi mesmo um instrumento de sopro dividindo as melodias com a guitarra. Foi possível tocar novas músicas e facilitou também na criação. Começamos a ouvir com mais cuidado outros estilos musicais, como o chorinho, tango, música latina em geral, para ajudar nas composições.
PAULO
AGOSTINHO - Penso que se inaugura um novo momento na história do Brian. Todos
(em especial eu) estão mais velhos e sábios (isso não implica em tocar melhor,
mas em fazer menos coisas idiotas antes e depois de tocar). A entrada da Elise
no trompete e do Júlio no baixo também acrescentou novas sonoridades e uma
energia inaudita para os padrões “brianianos”, que impulsionou a todos pra
frente. Estou muito feliz, pois acho que estou aprendendo muito com o pessoal,
especialmente ficar no tempo da música. Acho que agora vai... só não sei pra
onde.
FORMAÇÃO
• Paulo Agostinho (bateria)
• Paulo Agostinho (bateria)
• Gustavo
Bordin (guitarra)
• Elise
Savi (trompete)
• Julio
Maia (baixo)
DISCOGRAFIA
•
“Conforto acústico” (2011)
1 – Tupinambás em alto mar
2 – Espectro de Plank
3 – O passo do Patinho
4 – Pororoca stomp
5 – Orbital
4 – O passo do Patinho (versão Zombilly) *
•
“Maristela é meu limite” (2015)
1 -
“Matando Jacob”
2 - “Balada do filho gay”
3 - “Tereza”
4 - “Santo”
5 - “New Hope theme”
2 - “Balada do filho gay”
3 - “Tereza”
4 - “Santo”
5 - “New Hope theme”
• Página
no Facebook do Brian Oblivion.
Fotos: Andye Iore/Projeto Zombilly
Nenhum comentário:
Postar um comentário