O
projeto de cinema Um Outro Olhar completou 18 anos de atividades em Maringá. O
coordenador Paulo Campagnolo (foto), 54 anos, celebra o momento conceituando seu
trabalho como uma troca de afeto com o público através dos filmes. O projeto
que começou em 2000, faz parte desde 2006 do calendário da Secretaria de
Cultura de Maringá, sendo exibido gratuitamente às 20h dos sábados, como
Convite ao Cinema, no auditório Helio Moreira (no Paço Municipal). "Hoje
me dou conta da dimensão disso tudo que eu não imaginava que chegaria a
tanto", comenta Campagnolo, baseado no feedback do público que manda
emails, mensagens e falam pessoalmente após os filmes.
Desde
o começo em 17 de outubro de 2000, já foram exibidos mais de 1,2 mil filmes
para um público estimado em 180 mil pessoas em mais de 2 mil sessões. E com
resultados e reações diferentes. Desde a redenção que vem num abraço afetuoso
de quem se identifica com o filme até discussões acaloradas com dedo apontado.
Campagnolo
caracterizou seu projeto como uma troca com o público, fazendo questão de
comentar e debater cada filme após a sessão. As dificuldades foram muitas.
Desde conseguir filmes para exibição - seja em DVD ou película - passando pelo
público pequeno, até aspectos pessoais. "Nunca tive a ilusão de encher a
sala. Sei que mais pessoas poderiam frequentar. Mas o projeto tem seu público e
para mim é ótimo", avalia sobre Maringá ser uma cidade universitária,
lugar onde deveria haver um maior interesse cultural e acesso à informação.
Ele
discorre pela media de público hoje em torno de 85 pessoas por sessão. Sendo
que já chegou a exibir filme para apenas 20 pessoas... obra de 7 horas de
duração em sessão única. E assim o Um Outro Olhar se faz mais difícil. Além de
exibir filmes fora do circuito comercial, ainda desafia em obras incomuns que
podem até afastar mais ainda o público desavisado. Campagnolo lembra que dos
poucos conflitos que teve nas sessões, um aconteceu no polêmico (e sexual)
filme português "O fantasma" (de João Pedro Rodrigues, 2000). E outro
no "Lebanon" (de Samuel Maoz, de 2009), num bate-boca sobre a guerra
no Líbano.
PRIVILÉGIO
- Histórias que podem render um livro no futuro. Hoje Campagnolo se atualiza
lendo sites especializados dos Estados Unidos e Europa, conferindo resultados
de festivais e comprando filmes pela internet.
Ele
também planeja fazer sessões em praça pública, depois da experiência bacana
feita numa chácara. "Sou um privilegiado. Não tenho do que reclamar",
anuncia sobre viver hoje só de arte e cultura. Ele é contratado da Secretaria
de Cultura, trabalha numa ONG em Mandaguari dando aula de literatura e artes
para crianças e adolescentes e faz suas peças teatrais. "É uma honra ter
um projeto para o cinema de arte. Ele tem relevância para a cultura de Maringá
e por isso ´abraçamos´", elogia o secretário municipal de Cultura, Miguel
Fernando.
Texto e fotos: Andye Iore
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