quinta-feira, 1 de novembro de 2018

A maioridade chega num afeto cultural



O projeto de cinema Um Outro Olhar completou 18 anos de atividades em Maringá. O coordenador Paulo Campagnolo  (foto), 54 anos, celebra o momento conceituando seu trabalho como uma troca de afeto com o público através dos filmes. O projeto que começou em 2000, faz parte desde 2006 do calendário da Secretaria de Cultura de Maringá, sendo exibido gratuitamente às 20h dos sábados, como Convite ao Cinema, no auditório Helio Moreira (no Paço Municipal). "Hoje me dou conta da dimensão disso tudo que eu não imaginava que chegaria a tanto", comenta Campagnolo, baseado no feedback do público que manda emails, mensagens e falam pessoalmente após os filmes.

Desde o começo em 17 de outubro de 2000, já foram exibidos mais de 1,2 mil filmes para um público estimado em 180 mil pessoas em mais de 2 mil sessões. E com resultados e reações diferentes. Desde a redenção que vem num abraço afetuoso de quem se identifica com o filme até discussões acaloradas com dedo apontado.
Campagnolo caracterizou seu projeto como uma troca com o público, fazendo questão de comentar e debater cada filme após a sessão. As dificuldades foram muitas. Desde conseguir filmes para exibição - seja em DVD ou película - passando pelo público pequeno, até aspectos pessoais. "Nunca tive a ilusão de encher a sala. Sei que mais pessoas poderiam frequentar. Mas o projeto tem seu público e para mim é ótimo", avalia sobre Maringá ser uma cidade universitária, lugar onde deveria haver um maior interesse cultural e acesso à informação.


Ele discorre pela media de público hoje em torno de 85 pessoas por sessão. Sendo que já chegou a exibir filme para apenas 20 pessoas... obra de 7 horas de duração em sessão única. E assim o Um Outro Olhar se faz mais difícil. Além de exibir filmes fora do circuito comercial, ainda desafia em obras incomuns que podem até afastar mais ainda o público desavisado. Campagnolo lembra que dos poucos conflitos que teve nas sessões, um aconteceu no polêmico (e sexual) filme português "O fantasma" (de João Pedro Rodrigues, 2000). E outro no "Lebanon" (de Samuel Maoz, de 2009), num bate-boca sobre a guerra no Líbano.

PRIVILÉGIO - Histórias que podem render um livro no futuro. Hoje Campagnolo se atualiza lendo sites especializados dos Estados Unidos e Europa, conferindo resultados de festivais e comprando filmes pela internet.
Ele também planeja fazer sessões em praça pública, depois da experiência bacana feita numa chácara. "Sou um privilegiado. Não tenho do que reclamar", anuncia sobre viver hoje só de arte e cultura. Ele é contratado da Secretaria de Cultura, trabalha numa ONG em Mandaguari dando aula de literatura e artes para crianças e adolescentes e faz suas peças teatrais. "É uma honra ter um projeto para o cinema de arte. Ele tem relevância para a cultura de Maringá e por isso ´abraçamos´", elogia o secretário municipal de Cultura, Miguel Fernando.

Texto e fotos: Andye Iore

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