Basta ouvir um som do Bad Brains para sacar que a banda é diferenciada no cenário hard core mundial. Quatro negros subestimados, músicas com variações no andamento sem a tosquice tradicional do punk, influências da cultura rastafári, um vocalista que parece viver num mundo próprio e muita - mas muita – confusão no histórico do grupo.
O vídeo “Bad Brains – A band in DC” lançado no ano passado
mostra um pouco de tudo isso. Vai desde a formação da banda com a intenção de
tocar rápido, sendo mais técnica que o Ramones e melhor que o Damned, até as
idas e vindas depois de brigas e desistências. Mas o forte do vídeo são as
curiosidades. Parte do documentário é focada no vocalista HR que conquistou
muitos fãs com seu estilo incomum que passou de back flips no palco e stage
dives na plateia até mensagens de amor e paz.
Um dos períodos mostrados no vídeo está a fase da banda
mudando de Washington para New York em busca de mais oportunidades. E uma
dessas foi uma tour na Inglaterra que a banda faria com o Damned. Mas os
americanos foram barrados no aeroporto pelo visual não muito “apresentável” e
mandados de volta para os Estados Unidos sem tocar um único show. Pior: a banda
voltou sem dinheiro e sem os equipamentos perdidos. A tour frustrada também fez
com que a banda voltasse para Washington pobre e sem muitas perspectivas. Até
que eles foram empresariados pelo dono de um restaurante de luxo. O novo
manager comprou equipamentos novos e uma van. E tudo foi roubado em seguida.
Mas, havia seguro e a banda seguiu carreira com novo foco e equipamentos.
No começo dos anos 80 aconteceu outro fato que marcou a
história do Bad Brains. Eles viram um show de Bob Marley e a identificação foi
instantânea tanto no visual, música e ideologia. O empresário comprou uma casa
na zona rural e levou a banda para morar lá para compor um disco. Os músicos
passavam dias e dias fumando maconha e festando com amigos até que a “fama” foi
se espalhando na região. O que acabou com uma batida policial e todos presos
porque os policiais achavam que eles tinham roubado o equipamento que estava na
casa.
Depois do “retiro” a banda voltou para a cidade com um novo repertório, mas causou estranheza nos shows com o público hard core reclamando muito das influencias rasta no som.
Depois do “retiro” a banda voltou para a cidade com um novo repertório, mas causou estranheza nos shows com o público hard core reclamando muito das influencias rasta no som.
Entre tantas oportunidades e roubadas o Bad Brains conseguiu
contrato com uma major justamente quando o vocalista HR passava a ter
comportamento cada vez mais estranho. Resultando em brigas com outras bandas e
até mesmo com os companheiros. Em uma de suas confusões ele acabou preso e
gravou do orelhão da cadeia o vocal para a música “Sacred love”, enquanto a
banda estava em estúdio.
Numa dessas brigas internas, o Bad Brains gravou um disco e
HR não participou das gravações. Terminado o trabalho instrumental no estúdio,
a banda contatou HR e enviou os sons para ele. Em dois dias ele devolveu o
material com todas as letras prontas. Uma das últimas confusões entre a banda
registrada no vídeo está um show onde o grupo manda ver na porrada sonora e HR
fica parado em pé sorrindo para o público. Ele não canta, o público crítica, a
banda se retira do palco e o pau quebra no camarim, resultando em mais um ciclo
encerrado na história do Bad Brains. Claro que a banda voltou depois disso.
Entre os roqueiros que dão depoimento no video sobre o Bad
Brains estão Ian Mckay, Henry Rollins, Anthony Kieds, Dave Grohl, Rick Ocasek, Mike
D e Don Lets. E também há cenas da banda em tours, no estúdio e em festivais.
O documentário “Band Brains – A band in DC”, tem 1h44 de
duração. Foi dirigido por Ben Logan e Mandy Stein. Veja aqui o video "Bad Brains - A band in DC".
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