quarta-feira, 22 de maio de 2013

Uma história de confusões e oportunidades para o Bad Brains

 




Basta ouvir um som do Bad Brains para sacar que a banda é diferenciada no cenário hard core mundial. Quatro negros subestimados, músicas com variações no andamento sem a tosquice tradicional do punk, influências da cultura rastafári, um vocalista que parece viver num mundo próprio e muita - mas muita – confusão no histórico do grupo.

O vídeo “Bad Brains – A band in DC” lançado no ano passado mostra um pouco de tudo isso. Vai desde a formação da banda com a intenção de tocar rápido, sendo mais técnica que o Ramones e melhor que o Damned, até as idas e vindas depois de brigas e desistências. Mas o forte do vídeo são as curiosidades. Parte do documentário é focada no vocalista HR que conquistou muitos fãs com seu estilo incomum que passou de back flips no palco e stage dives na plateia até mensagens de amor e paz.
Um dos períodos mostrados no vídeo está a fase da banda mudando de Washington para New York em busca de mais oportunidades. E uma dessas foi uma tour na Inglaterra que a banda faria com o Damned. Mas os americanos foram barrados no aeroporto pelo visual não muito “apresentável” e mandados de volta para os Estados Unidos sem tocar um único show. Pior: a banda voltou sem dinheiro e sem os equipamentos perdidos. A tour frustrada também fez com que a banda voltasse para Washington pobre e sem muitas perspectivas. Até que eles foram empresariados pelo dono de um restaurante de luxo. O novo manager comprou equipamentos novos e uma van. E tudo foi roubado em seguida. Mas, havia seguro e a banda seguiu carreira com novo foco e equipamentos.
No começo dos anos 80 aconteceu outro fato que marcou a história do Bad Brains. Eles viram um show de Bob Marley e a identificação foi instantânea tanto no visual, música e ideologia. O empresário comprou uma casa na zona rural e levou a banda para morar lá para compor um disco. Os músicos passavam dias e dias fumando maconha e festando com amigos até que a “fama” foi se espalhando na região. O que acabou com uma batida policial e todos presos porque os policiais achavam que eles tinham roubado o equipamento que estava na casa.
Depois do “retiro” a banda voltou para a cidade com um novo repertório, mas causou estranheza nos shows com o público hard core reclamando muito das influencias rasta no som.
Entre tantas oportunidades e roubadas o Bad Brains conseguiu contrato com uma major justamente quando o vocalista HR passava a ter comportamento cada vez mais estranho. Resultando em brigas com outras bandas e até mesmo com os companheiros. Em uma de suas confusões ele acabou preso e gravou do orelhão da cadeia o vocal para a música “Sacred love”, enquanto a banda estava em estúdio.
Numa dessas brigas internas, o Bad Brains gravou um disco e HR não participou das gravações. Terminado o trabalho instrumental no estúdio, a banda contatou HR e enviou os sons para ele. Em dois dias ele devolveu o material com todas as letras prontas. Uma das últimas confusões entre a banda registrada no vídeo está um show onde o grupo manda ver na porrada sonora e HR fica parado em pé sorrindo para o público. Ele não canta, o público crítica, a banda se retira do palco e o pau quebra no camarim, resultando em mais um ciclo encerrado na história do Bad Brains. Claro que a banda voltou depois disso.
Entre os roqueiros que dão depoimento no video sobre o Bad Brains estão Ian Mckay, Henry Rollins, Anthony Kieds, Dave Grohl, Rick Ocasek, Mike D e Don Lets. E também há cenas da banda em tours, no estúdio e em festivais.
O documentário “Band Brains – A band in DC”, tem 1h44 de duração. Foi dirigido por Ben Logan e Mandy Stein.  Veja aqui o video "Bad Brains - A band in DC".

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