O livro “Malcolm” é um exemplo bacana da metalinguagem. Uma publicação
para contar a história de uma entrevista importante no formato de histórias em
quadrinhos usando fotografias. O livro foi lançado pela Edições Ideal e é uma
quadrinhização de uma entrevista que Fábio Massari fez com o polêmico Malcolm
McLaren para a MTV em 1995, em São Paulo,
por 50 minutos.
O livro tem 60 páginas em papel offset em preto e branco e capa dura. E
traz muitas curiosidades com McLaren abordado mudanças políticas e culturais ao
longo das décadas. O visionário que criou o Sex Pistols comenta situações sobre
a visita de uma semana da banda ao Brasil em meio à turbulenta tour americana.
Um jornal britânico bancou a viagem do empresário e parte da banda para que a
maior banda de rock da época encontrasse no Rio de Janeiro o maior ladrão –
Ronald Biggs – da Inglaterra. McLaren aproveitou a viagem para gravar e filmar
com a banda e Biggs.
A entrevista ainda teve McLaren comentando seu disco “Duck
rock” (1983) e o clássico “Never mind the bollocks” (1977), além da formação da
cena punk a partir da loja Sex. O livro tem também textos dos autores Massari e
Thomé e de André Barcinski.
De certa maneira, “Malcolm” é desdobramento do livro
anterior de Fábio Massari, “Mondo Massari”, lançado ano passado também pela Ideal,
com mais de 60 entrevistas e resenhas feitas pelo radialista. Entre elas The Fall, Tom Waits, Marco Buther,
The Vibrators, Television, Jon Spencer, entre outros.
O Projeto Zombilly entrevistou o quadrinhista Luciano Thomé,
28 anos, sobre a quadrinhização da entrevista de Fácio Massari com Malcolm
McLaren. Thomé é de Porto Alegre (RS), mas hoje mora em São Paulo, onde faz
pesquisas e se dedica a um doutorado sobre quadrinhos.
ZOMBILLY - Qual sua relação com o Malcolm McLaren antes do livro? Você conhecia o trabalho dele ou era fã do Sex Pistols?
LUCIANO THOMÉ - Cara, já fui mais ligado ao punk. Passei a adolescência lendo os clássicos anarquistas e ouvindo The Clash (sempre preferi o The Clash) e coisa e tal. Continuo respeitando o significado histórico da parada. Mas, escuto mais raramente, com certa fruição nostálgica até. Sei que vou parecer o famoso tiozão dizendo isso [risos], mas hoje prefiro ouvir jazz. Tenho a impressão de que o jazz de vanguarda revolucionou mais profundamente o mundo também, com todo o respeito ao punk. E o punk é fundamentalmente sobre isso: pretensão revolucionária. Do Malcolm eu conhecia o básico e não tinha boa impressão dele. Preferia comprar a versão dos Pistols.
O que mudou nesse sentido depois do livro?
Faz muito sentido essa pergunta porque mudei bastante a minha percepção da figura macolmiana depois da pesquisa envolvida nesse trabalho. Compreendi melhor seu projeto político-econômico de dominação do mundo ao descobrir, por exemplo, que ele era um admirador de Guy Debord. Enfim, a grande mudança foi perceber a condução do movimento punk pelo Macolm com uma lógica menos formal e mais dialética, ou seja, sem entrar em curto circuito neuronal em razão da contradição histórica inerente a esse processo.
Faz muito sentido essa pergunta porque mudei bastante a minha percepção da figura macolmiana depois da pesquisa envolvida nesse trabalho. Compreendi melhor seu projeto político-econômico de dominação do mundo ao descobrir, por exemplo, que ele era um admirador de Guy Debord. Enfim, a grande mudança foi perceber a condução do movimento punk pelo Macolm com uma lógica menos formal e mais dialética, ou seja, sem entrar em curto circuito neuronal em razão da contradição histórica inerente a esse processo.
Alguns quadros têm reticulas, coisa que os recursos
tecnológicos hoje oferecem mais opções... você chegou a usar os adesivos de
retícula que eram muito usados antes pelos artistas? Como é esse processo no
seu trabalho?
Pessoalmente, nunca fui dos maiores fãs da retícula. Mas, acho que em certos quadrinhos colam literal e perfeitamente. Achei que era o caso do Malcolm, que precisava dialogar minimamente com a estética fanzineira do punk e tal. Como diz o próprio, “vivemos num mundo retrô”. Por esses motivos, não gastei nem tempo nem recursos com bisturis e adesivos. É tudo mérito do bom e velho Gimp, o software livre simpático e funcional.
Pessoalmente, nunca fui dos maiores fãs da retícula. Mas, acho que em certos quadrinhos colam literal e perfeitamente. Achei que era o caso do Malcolm, que precisava dialogar minimamente com a estética fanzineira do punk e tal. Como diz o próprio, “vivemos num mundo retrô”. Por esses motivos, não gastei nem tempo nem recursos com bisturis e adesivos. É tudo mérito do bom e velho Gimp, o software livre simpático e funcional.
Quais são as influências no seu trabalho?
Comecei nos quadrinhos lendo o Pato Donald, Tintim, Mortadelo & Salaminho, Batman [risos]. Mas sou muito feliz por ter conhecido cedo a melhor vertente dessa arte, a veia onde corre o sangue ruim e destilado: Mad, Robert Crumb e os comix, etc. É certamente o que mais marcou.
Comecei nos quadrinhos lendo o Pato Donald, Tintim, Mortadelo & Salaminho, Batman [risos]. Mas sou muito feliz por ter conhecido cedo a melhor vertente dessa arte, a veia onde corre o sangue ruim e destilado: Mad, Robert Crumb e os comix, etc. É certamente o que mais marcou.
No que você está trabalhando agora?
Por enquanto meu projeto é de pesquisa. Estou começando uma tese de doutorado sobre quadrinhos e contracultura. Rabisco volta e meia para dissipar os caracteres da mente. Com sorte esses rabiscos se transformam em um novo álbum [risos].
SERVIÇOPor enquanto meu projeto é de pesquisa. Estou começando uma tese de doutorado sobre quadrinhos e contracultura. Rabisco volta e meia para dissipar os caracteres da mente. Com sorte esses rabiscos se transformam em um novo álbum [risos].
LIVRO: “Malcolm”, 2014
Fabio Massari e Luciano Thomé
Edições Ideal
60 páginas, preto e branco
Preço: R$ 29,90
Comprar pelo site da Ideal.
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