A entrevista foi dividida em duas partes e a segunda será publicada aqui em breve.
ZOMBILLY - Qual foi a sua primeira influencia nesse meio trash/horror... o que fez com que você começasse a gostar disso?
BAIESTORF: Acho que comecei mesmo foi como leitor das revistas da Editora Vecchi nos anos 70/80. Lembro que folheava elas antes mesmo de aprender a ler, isso com uns 4 ou 5 anos. Depois comecei a ver tudo que é filme. Um dos primeiros que tenho lembrança é “The Incredible Melting Man”, que vi muito novo. Pouco depois conheci os filmes do Ruggero Deodato e Lucio Fulci e aí comecei a me interessar por cinema, o que movia as coisas por trás de tudo. Isso antes dos 12 anos. Logo em seguida, com 13, 14 anos, descobri os filmes do Buñuel, Fellini e outros cineastas fantásticos e pensei: “É isso que quero fazer!”. Então, lá por 1990, vi um filme do Ed Wood e cheguei a conclusão que dava prá fazer filmes usando câmeras VHS mesmo e comecei a fazer, não parando nunca mais.
Como você chegou ao atual formato de gore, pornografia e critica social ?
Olha só, eu não curto ficar só em um só estilo de narrativa. Então eu quero experimentar novas formas (de suporte à narrativa). Meu ponto de partida sempre é o trash-movie por não ter grana prá investir e porque é um gênero que defendo por achar que tem seu valor. Mas um filme de autor e um filme trash possuem muitas afinidades, tenho feitos várias experiências neste sentido de misturar um estilo autoral com as técnicas do trash.
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Sua carreira é dividida em fases ou você vai fazendo filmes aleatoriamente, conforme o que for acontecendo na sua cabeça?
Não, tenho minhas fases, comecei sendo trasheiro, depois fiz uns filmes experimentais bem radicais em forma e conteúdo, depois fiz pornografia explícita bizarra, aí fiz um monte de filmes experimentais para festivais de cinema e desde 2005 tenho buscado o aprimoramento da metalinguagem dentro dos meus filmes. Na verdade sigo um caminho, acho que isso é explicado de alguma forma no meu livro “Manifesto Canibal” (editora Achiamé, 2004).
Por que não existe um mercado de trash movies no Brasil?
Não existe, mas está surgindo. Eu poderia teorizar várias linhas sobre o porque de não existir, mas acho que não seja interessante falar sobre isso. Por que ?... Porque nos últimos anos tem surgido toda uma nova geração de produtores independentes que tem se inspirado em minhas experiências de mercado, já fali umas duas vezes, mas continuo produzindo com grana só minha, distribuindo de forma independente, ganhando grana com os novos trabalhos, relançando em DVD todo meu catálogo dos anos 90, fechando lançamentos na Europa e viajando por várias regiões do Brasil divulgando essa forma de arte tosca que são os filmes trash caseiros...
(continua...)
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