sexta-feira, 29 de outubro de 2010

A verdade cruel sobre o Capitalismo


A filmografia de Michael Moore vive um dilema: ao mesmo tempo que seus filmes já não atraem tanta gente aos cinemas, a qualidade final melhorou muito. Irônico que justamente quando suas denúncias no formato de documentários teriam um efeito mais eficiente, o público diminuiu. Apesar da piada não ser repetida.

Acho que todos deveriam ver “Capitalismo – uma história de amor”. Filme lançado no ano passado e que chegou ao Brasil direto em DVD. Além de ser um exercício de humanismo em solidariedade aos desafortunados que perdem dinheiro e suas casas para os bancos, também é como o efeito que sentimos ao ver “Tropa de Elite 2”: dar um bicudo no sistema.

Embora Michael More não consiga atingir fisicamente o sistema, ele ataca a moral do “quanto mais eu tenho, mais eu quero”. O drama das famílias despejadas de suas próprias casas pela polícia cumprindo mandados judiciais sobre hipotecas é alternado com cenas hilárias de Moore estacionando um carro-forte na calçada, com a parte traseira parada na porta do banco: “Vim buscar o dinheiro dos americanos!”, brada na maior cara-de-pau para o segurança assustado dentro do banco. Outra cena e ele circula a entrada do banco com a fita preta e amarela usada pela polícia “Cena do crime” (imagem abaixo). Ele berra em um megafone dizendo que está ali na frente do banco para fazer a prisão de criminosos que roubaram dinheiro da população em especulações financeiras.


E, claro, não deixa de tocar em sua grande ferida: o fechamento da fábrica de automóveis na sua cidade natal, Flint, mostrado no filme “Roger e eu”, em 1989. O que foi um retrato do desemprego que acontece hoje em muitos estados americanos. Melhor ainda é que as ridicularizações de George Bush continuam... e bem divertidas.

A patética revolta dos poderosos contra Michael Moore ganha destaque na porta de Wall Street. O cineasta aborda os jovens executivos e fala sobre os supostos crimes econômicos. Todos o ignoram. Até que Moore pergunta a um rapaz o que ele poderia fazer por ele. O rapaz responde seco: “Pare de fazer filmes!”. Até Michael Moore ri.

Entre tantos gráficos mostrados na tela, o filme faz a relação entre lucro e política. Compara 1% da população tem o grosso do dinheiro, mas a decisão ainda é proporcional porque uma pessoa é responsável por um voto. O que é o gancho para entrar na Era Obama. “Capitalismo – uma história de amor” também faz citações religiosas mostrando padres e pastores apontando o capitalismo como uma coisa maligna, história com uma paródia da Roma Antiga, Socialismo, pronunciamentos de ex-presidentes, entre outras situações.
Não perca!

FILME: “Capitalismo – uma história de amor”
GÊNERO: documentário
DIREÇÃO: Michael Moore
DURAÇÃO: 2H07

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