O conceito de democracia na internet possibilita pessoas se
sentirem donas da razão e criticarem gratuitamente muitas ações e pessoas. Uma
das mais recentes foi sobre a coleção de figurinhas da Copa do Mundo. Já li
vários posts de algumas pessoas, se julgando muito adultas, tirando sarro de
quem está colecionando os cromos sobre as seleções. Claro, sem embasamento
sobre colecionismo. Numa mesma situação com os debates sobre histórias em quadrinhos não ser coisa de criança. Também leve em conta o fato do colecionismo ser um hábito de interação familiar. É comum ver os pais acompanharem seus filhos nas trocas do itens repetidos.
Vale ressaltar que figurinhas sobre o Napalm Death ou sobre
MMA fariam os aparentemente malvadões da sociedade parecerem crianças bobas (e
felizes) abrindo os pacotinhos de figurinhas para colar no álbum. Como acontece hoje com as figurinhas da Copa do Mundo. Vou lembrar
aqui duas coleções que eram focadas nos adultos e hoje são raridades vendidas
nos sites de comércio on line: o Futebol Cards e o Clube do Zequinha.
Uma das coleções mais bacanas já lançadas no Brasil foi o
Futebol Cards, pela Ping Pong, entre 1978 e 1979. Eram 486 cartões de 22 times
brasileiros. Cada embalagem vinha com três cartões e um chiclete no mesmo
formato do cartão, uma placa em torno de 10cm de comprimento por 7cm de
largura. A diferença para as figurinhas da Copa do Mundo de hoje, é que o
Futebol Cards trazia no verso uma ampla ficha sobre o jogador, incluindo até
curiosidades fora do futebol.
Outra coleção que mobilizou os adultos foi a do Clube do
Zequinha. Essa exclusivamente no Paraná. As pessoas juntavam um valor em notas
fiscais e trocavam por um álbum ou pacotinho com dez figurinhas. Quem
completava as 200 figurinhas ainda concorria a prêmios.
A personagem Zequinha surgiu na década de 1920 e ilustrava
embalagens de balas da paranaense Brandina. O governo do Paraná lançou uma
campanha em 1979 para aumentar a arrecadação de impostos no estado. O Zequinha
foi modernizado e virou febre entre os paranaenses. Curiosamente, o antigo
Zequinha era mostrado em situações politicamente incorretas, impossíveis hoje.
Como a personagem bebum, bandido, enforcado. Com o projeto do governo ele era
apresentado em pontos turísticos no Paraná, em ações sociais, entre outras
situações relacionadas às secretarias do poder público.
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