quarta-feira, 26 de julho de 2017

Festival mostra podreira underground com qualidade


A sexta edição do festival Intervenção Underground Cultural foi realizada em Rancharia (SP, a aproximadamente 210km de Maringá), no último sábado (22). O evento reuniu 12 bandas de São Paulo e Paraná no Balneário Prefeito Manoel Severo Lins Neto, no km 50, da rodovia SP-351, a aproximadamente 15km da cidade.
São mais de 3 mil metros quadrados com um grande lago usado pelos visitantes de ecoturismo, como passeios de lancha, jet ski e parapente. Além de ter quiosques e pista de motocross. Há três anos o espaço recebe o festival roqueiro como ocupação durante o Inverno, quando reduz a frequência turística na cidade.

Esse ano foram quase dez horas de muito barulho e consciência social e política nos discursos nos microfones. O festival é bancado pela prefeitura e tem entrada gratuita. Numa rara parceria bem sucedida entre promotor independente e poder público, que serve de exemplo até para os grandes centros no Brasil. Até o prefeito da cidade foi conferir o noise das bandas ao vivo. “O festival agradou mais que o esperado. Foi um festival que caiu no gosto da galera e vem atraindo mais gente a cada edição”, avalia o organizador Fernando Shi, 39 anos.
Além da entrada grátis, o evento tem um som de qualidade para as bandas, bar com preços justos (por exemplo, havia promoção de 3 refrigerantes por apenas R$ 10), e espaço coberto com uma grande tenda de circo com capacidade para receber o triplo da media de 600 pessoas que circularam durante o evento, segundo estimativa da organização. O que acaba atraindo excursões de diferentes estados, com pessoas ficando acampadas em barracas ao lado da tenda.

BARULHO - Mas as atrações principais são mesmo as bandas. E o line up escolhido a dedo apresenta uma mostra variada do cenário underground, com hard core, grind, crust, metal e surf music, indo desde grupos já consagrados no segmento com quase 25 anos de estrada até bandas novas (veja fotos abaixo na ordem das apresentações). E dá-lhe muito barulho nas caixas de som, com distorção, peso e muitos vocais ininteligíveis, até grunhidos. As formações também são variadas indo desde o clássico trio bateria-guitarra-baixo, passando por banda sem baixo, outra com dois vocalistas, outra com saxofone até uma onemanband. Destaque para as duas bandas maringaenses que agradaram em cheio. A novata Turbulence foi a sexta banda no palco e ganhou muitos fãs com seu metal punk. Tanto é que o trio vendeu todas as camisetas que levou. Já a tradicional Desgraceria foi a penúltima no palco e esquentou o frio de quem ficou até o final com seu grindcore.
Entre as atividades paralelas houve uma coleta de produtos para uma entidade assistencial e 15 bancas (o Projeto Zombilly era uma delas) com expositores de camisetas, vinil, CDs, DVDs, fitas K7, livros, bottons, fanzines, artesanato, entre outros. Uma ótima oportunidade de ficar atualizado com o que é produzido entre selos e bandas independentes brasileiras.


DESRESPEITO - Entre tantas coisas bacanas no Intervenção Underground Cultural ressalto apenas duas situações negativas: a primeira é a imbecilidade de jogarem bombinhas num espaço fechado próximo a pessoas que não se conhece. O evento rolando na maior camaradagem e algumas pessoas no fundo da tendam jogaram várias bombinhas. Até mesmo depois que pessoas que se assustaram reclamarem, a idiotice continuou (até mesmo tirando dando risada das pessoas assustadas) contrastando com os discursos de conscientização que eram constantemente falados pelas bandas no palco. Sabe-se que a bebida tem o poder de potencializar a estupidez de quem já é imbecil sóbrio. E a pessoa ao invés de se sentir ofendida por alguém reclamar, deveria se desculpar por desrespeitar quem nem conhece.
A segunda foi que houve uma blitz policial de trânsito próximo ao evento. O que acaba contrariando a iniciativa da prefeitura e da organização em atrair visitantes para a região que lotaram os dois hotéis de Rancharia e consumiram nos estabelecimentos locais. Fica um dilema, já que a polícia cumpre a lei na fiscalização. Mas quem foi de fora e teve a Carteira Nacional de Habilitação (CNH) apreendida e recebeu multa de quase R$ 3 mil não vai ser simpático em retornar.

No geral, o Intervenção Underground Cultural é um evento exemplar e que merece todos os parabéns. Desde o produtor Fernando Shi, que fez as primeiras edições cobrando ingresso num bar da cidade, até a prefeitura que tem a visão de valorizar a cultura como instrumento social. E, claro, as bandas que mantém viva a ideologia underground como maneira de melhorar a sociedade. Quem quiser entrar em contato com a organização, acesse a página do festival no Facebook
Feces on Display
Deu BO
Bufalos d´Agua
Discrepante
Academic Worms
Turbulence
Chaoslace
Subcut
Desalmado
Surra
Desgraceria
Óbito

Texto e fotos: Andye Iore

4 comentários:

Andre Lucas disse...

Li o texto inteiro, que review da hora, Maringá é sensacional

Anônimo disse...

pirei demaissssssssssss, que venham as próximassssssssssss

Artur Jorge Bicudo disse...

Fodaaa... Esse ano nós do Japura NOISE Projecto não podemos tocar, mas já fui no evento em 2015, muito profissão, Parabéns Fernando Shi... O hutt não se apresentou?

Andye Iore disse...

A banda Hutt não tocou, não foi divulgado o motivo.