A sexta
edição do festival Intervenção Underground Cultural foi realizada em Rancharia
(SP, a aproximadamente 210km de Maringá), no último sábado (22). O evento
reuniu 12 bandas de São Paulo e Paraná no Balneário Prefeito Manoel Severo Lins
Neto, no km 50, da rodovia SP-351, a aproximadamente 15km da cidade.
São mais de 3
mil metros quadrados com um grande lago usado pelos visitantes de ecoturismo, como
passeios de lancha, jet ski e parapente. Além de ter quiosques e pista de
motocross. Há três anos o espaço recebe o festival roqueiro como ocupação
durante o Inverno, quando reduz a frequência turística na cidade.
Esse ano
foram quase dez horas de muito barulho e consciência social e política nos
discursos nos microfones. O festival é bancado pela prefeitura e tem entrada
gratuita. Numa rara parceria bem sucedida entre promotor independente e poder
público, que serve de exemplo até para os grandes centros no Brasil. Até o
prefeito da cidade foi conferir o noise das bandas ao vivo. “O festival agradou
mais que o esperado. Foi um festival que caiu no gosto da galera e vem atraindo
mais gente a cada edição”, avalia o organizador Fernando Shi, 39 anos.
Além da
entrada grátis, o evento tem um som de qualidade para as bandas, bar com preços
justos (por exemplo, havia promoção de 3 refrigerantes por apenas R$ 10), e
espaço coberto com uma grande tenda de circo com capacidade para receber o
triplo da media de 600 pessoas que circularam durante o evento, segundo
estimativa da organização. O que acaba atraindo excursões de diferentes
estados, com pessoas ficando acampadas em barracas ao lado da tenda.
BARULHO - Mas
as atrações principais são mesmo as bandas. E o line up escolhido a dedo
apresenta uma mostra variada do cenário underground, com hard core, grind,
crust, metal e surf music, indo desde grupos já consagrados no segmento com quase
25 anos de estrada até bandas novas (veja fotos abaixo na ordem das apresentações). E dá-lhe muito barulho nas caixas de som,
com distorção, peso e muitos vocais ininteligíveis, até grunhidos. As formações
também são variadas indo desde o clássico trio bateria-guitarra-baixo, passando
por banda sem baixo, outra com dois vocalistas, outra com saxofone até uma
onemanband. Destaque para as duas bandas maringaenses que agradaram em cheio. A
novata Turbulence foi a sexta banda no palco e ganhou muitos fãs com seu metal
punk. Tanto é que o trio vendeu todas as camisetas que levou. Já a tradicional
Desgraceria foi a penúltima no palco e esquentou o frio de quem ficou até o
final com seu grindcore.
Entre as
atividades paralelas houve uma coleta de produtos para uma entidade assistencial
e 15 bancas (o Projeto Zombilly era uma delas) com expositores de camisetas,
vinil, CDs, DVDs, fitas K7, livros, bottons, fanzines, artesanato, entre
outros. Uma ótima oportunidade de ficar atualizado com o que é produzido entre
selos e bandas independentes brasileiras.
DESRESPEITO - Entre
tantas coisas bacanas no Intervenção Underground Cultural ressalto apenas duas
situações negativas: a primeira é a imbecilidade de jogarem bombinhas num
espaço fechado próximo a pessoas que não se conhece. O evento rolando na maior
camaradagem e algumas pessoas no fundo da tendam jogaram várias bombinhas. Até
mesmo depois que pessoas que se assustaram reclamarem, a idiotice continuou (até mesmo tirando dando risada das pessoas assustadas) contrastando com os discursos de conscientização que eram constantemente
falados pelas bandas no palco. Sabe-se que a bebida tem o poder de potencializar
a estupidez de quem já é imbecil sóbrio. E a pessoa ao invés de se sentir
ofendida por alguém reclamar, deveria se desculpar por desrespeitar quem nem
conhece.
A segunda foi
que houve uma blitz policial de trânsito próximo ao evento. O que acaba
contrariando a iniciativa da prefeitura e da organização em atrair visitantes
para a região que lotaram os dois hotéis de Rancharia e consumiram nos
estabelecimentos locais. Fica um dilema, já que a polícia cumpre a lei na fiscalização.
Mas quem foi de fora e teve a Carteira Nacional de Habilitação (CNH) apreendida
e recebeu multa de quase R$ 3 mil não vai ser simpático em retornar.
No geral, o Intervenção
Underground Cultural é um evento exemplar e que merece todos os parabéns. Desde
o produtor Fernando Shi, que fez as primeiras edições cobrando ingresso num bar
da cidade, até a prefeitura que tem a visão de valorizar a cultura como
instrumento social. E, claro, as bandas que mantém viva a ideologia underground
como maneira de melhorar a sociedade. Quem quiser entrar em contato com a organização,
acesse a página do festival no Facebook .
Feces on Display
Deu BO
Bufalos d´Agua
Discrepante
Academic Worms
Turbulence
Chaoslace
Subcut
Desalmado
Surra
Desgraceria
Óbito
Texto e
fotos: Andye Iore
4 comentários:
Li o texto inteiro, que review da hora, Maringá é sensacional
pirei demaissssssssssss, que venham as próximassssssssssss
Fodaaa... Esse ano nós do Japura NOISE Projecto não podemos tocar, mas já fui no evento em 2015, muito profissão, Parabéns Fernando Shi... O hutt não se apresentou?
A banda Hutt não tocou, não foi divulgado o motivo.
Postar um comentário