terça-feira, 25 de fevereiro de 2014

Lenda Alan Wilson é atração no Psycho carnival 2014

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Ele é uma das lendas vivas do cenário billy mundial. E estará no Brasil na próxima semana para o Psycho Carnival 2014, em Curitiba (PR). Alan Wilson, 51 anos, é guitarrista e vocalista da banda britânica The Sharks que fará show único no Brasil no festival paranaense, no dia 3 de março, segunda-feira. The Sharks foi formada no final da década de 1970 em meio a um revival do rockabilly na Inglaterra. No decorrer dos anos a banda mudou a formação algumas vezes e lançou discos alternando a sonoridade entre rockabilly e o psychobilly clássico, “geração” Klub Foot.
Alan Wilson vive de e para música. Além da banda reativada há dois anos depois de uma década parada, ele comanda o Western Star, um bacana selo de rockabilly e psychobilly lançando bandas que somente gravam no próprio estúdio do selo. E ele fala com orgulho de como bem sucedido é nesse projeto. Outra boa notícia para os fãs é que a banda já voltou a gravar músicas novas. Na semana passada, Alan Wilson publicou fotos da banda no estúdio (foto acima).
O Projeto Zombilly entrevistou Alan Wilson que falou da sua expectativa de tocar no Brasil pela primeira vez e de como gosta de fazer novos amigos por causa da banda. Ele avisa que não deve trazer discos da Western Star para vender, mas que terá um bom material do The Sharks à venda no festival como CDs e camisetas.
ENTREVISTA
ZOMBILLY - Essa é a primeira vez que The Sharks vai tocar no Brasil. Como está a sua expectativa?
ALAN WILSON -
Sim, esta será a nossa primeira vez no Brasil. Nós estamos ansiosos esperando a viagem e achamos que será ótimo. Alguns de nossos amigos de outras bandas tocaram aí antes e nos disseram que é um ótimo lugar. Aqui no Reino Unido o clima agora é frio e úmido. Por isso também estou ansioso para ver um pouco de sol!
Como será o set do The Sharks no Psycho Carnival?
Será uma mistura de músicas de vários álbuns e EPs. Será tipo um set list 'greatest hits'. Nós vamos tocar material que alguns consideram nossos clássicos, bem como material mais recente.
The Sharks influenciou bandas de todo o mundo, incluindo músicos batizando bandas com nomes de suas músicas. Você percebe essa importância do The Sharks na história?
As pessoas nos dizem isso e é bacana. Mas, para ser honesto, eu nunca penso nisso. Acho que tivemos apenas sorte porque fomos uma banda no início desse movimento. E nunca imaginei que mais de 30 anos depois, alguém se lembraria de nós. Nunca sonhei que eu ainda estaria tocando nos Estados Unidos, Rússia e todos esses grandes lugares distantes. E agora o Brasil! É incrível para mim. Até mesmo para pensar que alguém no Brasil conhece a nossa música é uma grande coisa que nos deixa orgulhosos. Somos gratos e muito lisonjeados por sermos influência para ninguém.
The Sharks mudou de formação algumas vezes. O que te motiva a continuar tocando?
O line up do nosso primeiro álbum é o que a maioria das pessoas considera a 'formação original'. E isso é o que temos de novo agora. O Steve Whitehouse no baixo, o Paul Hodge na bateria e eu na guitarra. É bom ter esse line up de novo. Nós ficamos uns dez anos parados e quando reformulamos a banda há dois anos, foi realmente apenas para fazer um show de aniversário de 30 anos . No entanto, ele foi tão bom e, nós nos divertimos muito, que decidimos aceitar mais algumas ofertas para shows. E nós também lançamos um disco nesse período e isso também foi muito bem.
Você é muito ativo na música. Tem banda, produz , lança bandas em um selo. Qual é a sua ideologia trabalhar com música?
É praticamente tudo o que posso fazer. Tenho vivido de música desde sempre. Eu trabalho no estúdio todos os dias. Eu cuido do selo e agora eu toco em shows ocasionais novamente com a banda. Eu estou vivendo um sonho de verdade. Eu não sou preparado para fazer um trabalho onde eu tenho que subir escadas ou cavar buracos na estrada. Não sou muito bom em fazer essas coisas!
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O que você pretende ver no Brasil, se você tiver algum tempo livre?
Eu não tenho certeza que vamos ter muito tempo, mas é ótimo conhecer pessoas. Essa tem sido a melhor parte nessa história de voltar com The Sharks, conhecendo pessoas legais em países diferentes.
Quando você começou a tocar não havia internet. Como você usa a internet no seu trabalho hoje?
Principalmente para comunicação com outras pessoas, bandas, músicos e promotores. E também para promover novos lançamentos da minha gravadora.
O que você acha das bandas de psychobilly atuais que não têm um som mais pesado?
Pessoalmente eu prefiro o som do psychobilly old school. Mas, as coisas têm de evoluir e progredir para se manter vivo. E isso é o que psychobilly tem feito. Ele sobreviveu!
Quais bandas você ouve hoje em dia e que novas bandas que você gosta?
Ouço música o dia inteiro todos os dias no trabalho. Então, eu raramente coloco um CD em casa. Eu sempre gostei de todos os estilos de música. Geralmente, ouço música quando tenho que viajar no carro, por exemplo. E, muitas vezes, coisas do meu próprio selo .... e também música de outros gêneros. Por exemplo, eu amo Madness, The Specials, … gosto de rockabilly e country antigo também.
O que te influenciou como músico?
Musicalmente foram outras bandas. Acho que o Madness teve uma grande influência na forma como eu escrevo músicas hoje em dia,... também The Kinks. Os primeiros singles e o primeiro álbum do Meteors mudou a minha vida. Antes disso, eu fazia parte daquela cena de revival do rockabilly , em meados dos anos 70 na Inglaterra.
Qual é o conceito de Western Star? Você lança apenas o que você gosta, as bandas de amigos ou ter uma perspectiva de venda comercial?
A Western Star começou como um estúdio e depois de alguns anos também virou um selo. Tenho agora cerca de 90 lançamentos de álbuns e alguns EPs, um livro e um DVD! É um selo de rockabilly e psychobilly e sempre tivemos uma política rigorosa de só lançar música gravada aqui no nosso próprio estúdio. É um selo de sucesso e, sem dúvida, uma das mais bem sucedidas gravadoras roqueiras na Europa hoje em dia ... certamente no Reino Unido!
O que você está planejando para o futuro da banda e da gravadora?
Nós acabamos de gravar um novo EP que será lançado como uma edição colecionável em vinil 10” colorido. Além disso, para download. Depois do Brasil, temos alguns shows marcados.



* Depois da entrevista nós passamos a conversar sobre coisas do Brasil. E Alan Wilson me perguntou seu eu conhecia Ronnie Biggs. Na verdade, ele falava sobre Ronald Biggs, o famoso ladrão inglês que fugiu para o Brasil depois de roubar um trem em 1963. A gang formada por 15 pessoas roubou em torno de 46 milhões de libras, o que daria mais de R$ 170 milhões. Ronnie Biggs passou 36 anos como fugitivo, viveu no Brasil, e voltou para a Inglaterra para cumprir a pena em 2001. Ele foi solto em 2009 e morreu em dezembro do ano passado. A história de amizade (foto abaixo) entre Ronnie Biggs e Alan Wilson é bem interessante e publico aqui:
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“Eu cresci lendo histórias de Ronnie Biggs. Há uns 12 anos eu escrevi "I Can't Believe You're Back", porque o dia que eu li que ele tinha voltado para o Reino Unido para encarar a prisão depois de 30 anos como um fugitivo no Brasil... bem, eu estava triste em vê-lo voltar para a cadeia. Eu enviei uma demo da música na prisão. Um dia, para minha surpresa, recebi um telefonema me dizendo que ele queria me conhecer e que tinha gostado da música. Eu o conheci e nos tornamos amigos. Visitei ele muitas e muitas vezes e ficamos bons amigos. Eu conheci um monte de gente interessante através do Ron.
Eu só o conhecia quando ele já estava velho. Mas, ele era muito bem humorado e era um homem adorável. Não era um bandido e assassino - que é a forma como a imprensa às vezes gosto de retratá-lo . Ronnie nunca matou ou fez mal a ninguém. Minha esposa também se tornou amiga de Ronnie e nós, muitas vezes, visitamos ele na casa de idosos onde ele vivia em Londres (ele foi finalmente libertado da prisão há cerca de anos). Lembro que uma vez minha esposa perguntou se ele sentia saudade do Brasil. Ele não respondeu “sim” ou “não”. Ele disse que diariamente. Ele me dizia que gostaria de voltar ao Rio de Janeiro . Ele ficou feliz ao ouvir que eu estava indo tocar no Brasil e eu prometi enviar um cartão postal. Infelizmente ele morreu em dezembro. Estávamos em seu funeral em janeiro (foto abaixo)”.
* Ouça a música "I Can't Believe You're Back", do The Sharks.
* Confira o site do The Sharks.
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